Diagnóstico situacional das cardiopatias congênitas cirúrgicas no estado do Rio Grande do Norte.
Cardiopatias Congênitas; Procedimentos Cirúrgicos Cardíacos; Epidemiologia Descritiva.
A doença cardíaca congênita é o defeito congênito mais comum e representa 8% da mortalidade infantil, causando grande impacto na morbimortalidade na faixa etária pediátrica. Entretanto, no Brasil, a subnotificação das malformações cardíacas sugere que o diagnóstico é realizado de forma tardia, o que impede o tratamento cirúrgico precoce. No Rio Grande do Norte (RN) a dimensão dessa situação é desconhecida, necessitando de maior detalhamento, para que políticas públicas para a redução da morbimortalidade por malformações cardíacas possam ser implantadas a nível estadual. Diante deste cenário, o objetivo deste trabalho foi descrever a prevalência de doença cardíaca cirúrgica infantil a partir dos casos observados no único centro de referência em cirurgia cardíaca pediátrica do estado, desde sua incorporação a um serviço terciário da capital do RN. Metodologia – Após aprovação por Comitê de Ética em Pesquisa, foi iniciado um estudo transversal com análise de prontuário eletrônico dos pacientes cardiopatas cirúrgicos admitidos na UTI cardiológica pediátrica do estado no período de outubro de 2018, quando houve a incorporação do serviço, a junho de 2021. Os dados coletados foram analisados através de estatística descritiva. O software utilizado foi o JAMOVI 2.3.21. Considerando a origem dos pacientes, a frequência dos casos por município e Região de Saúde foi representada mediante mapas. O software utilizado foi o Qgis 3.22.6. Resultados – Ocorreram 393 admissões no período avaliado, com idade média à admissão de 2 anos de idade, sendo 86% dos procedimentos realizados pelo SUS. Foi observado que 41% dos pacientes residiam na 7ª Região de Saúde (RS), que inclui a capital do estado e municípios adjacentes. Ao se relacionar a quantidade de casos cirúrgicos com a população de cada região, observou-se maior prevalência nas Regiões de Saúde que se encontram na faixa territorial ao sul do estado. Houve predomínio dos procedimentos classificados como escore de gravidade RACHS-1 categorias 2 e 3, havendo maior mortalidade nos procedimentos de categoria 4. Ocorreram 43 óbitos, com idade média de 9,9 meses, tendo sido detectada cardiopatia cianogênica em 79% destes casos. Conclusão – Existe uma elevada demanda de pacientes pediátricos com necessidade de procedimentos cirúrgicos por malformações cardíacas no Rio Grande do Norte. Entretanto, verificou-se que o tratamento é realizado de forma tardia e concentrado em apenas um centro de referência, sugerindo que é necessária a implantação de políticas públicas para realização de diagnóstico e tratamento de forma mais precoce e descentralizada, reduzindo a morbimortalidade dessa doença. A maior prevalência de malformações cardíacas observadas em uma determinada faixa territorial do estado sugere que é necessária uma investigação mais aprofundada a respeito dos fatores genéticos e ambientais envolvidos na etiologia das cardiopatias.