Efeitos Relativísticos e os Sistemas Satelitais de Geolocalização
GNSS, Relatividade Restrita, Relatividade Geral.
A maior estabilidade dos relógios atômicos nos satélites das novas gerações GNSS e melhorias nas correções estão permitindo a aplicação dos sistemas de navegação em atividades de precisão cada vez maior. Tivemos recentemente o lançamento dos últimos satélites GALILEO, a conclusão da constelação QZSS e as novas gerações de GLONASS e Beidou. Tudo isto tornou ainda mais urgente a necessidade da integração dos sistemas de navegação por satélite. O que traz de volta velhas questões e como elas devem ser abor- dadas agora da perspectiva de um único GNSS integrado. Este estudo aborda a questão dos efeitos relativísticos atuando nos relógios atômicos, a bordo de todas as seis conste- lações de navegação em operação atualmente. Portanto, nos propusemos a encontrar a distorção temporal de cada veículo das seguintes constelações: GPS (EUA), GLONASS (Rússia), GALILEO (UE), Beidou (China), IRNSS (Índia) e QZSS (Japão).
Através dos dados de efemérides, extraídos dos almanaques de constelações e das equações analíticas da Relatividade Especial e Geral, conseguimos encontrar um atraso fixo e dois periódicos, influenciados pelo semi-eixo maior da órbita, excentricidade e in- clinação. Para o GPS, por exemplo, o atraso fixo é em média de 445, 6 ps para cada segundo decorrido no solo. Mais importante, se tomarmos cada satélite individualmente, descobrimos que os desvios da média chegam a cerca de 50 nanossegundos por dia. Para o PRN 21 da mesma constelação, encontramos um efeito periódico causado pela excentri- cidade de sua órbita com amplitude de 56, 6 ns com um período igual ao orbital. Ou seja, a depender da posição do satélite na órbita o relógio pode estar adiantado ou atrasado em até 56, 6 ns. Isso pode afetar aplicações com precisão de dezenas de metros. Dentre as seis constelações, 38,9% dos satélites exigem esse tipo de correção para precisão na ordem de metros. Verificou-se ainda outro efeito periódico, causado pelo achatamento da Terra com um período de metade do orbital e uma amplitude que para os satélites em órbitas médias vai de 60 a 100 ps, e assim causa problemas para aplicações que requerem precisão a nível centimétrico. Ter esse tipo de estimativa para todos os 118 veículos GNSS atualmente em operação nos ajuda a entender melhor a importância de ter a correção relativística correta para cada aplicação.