"Mecanismo de microencapsulação de biomoléculas em células de levedura (Saccharomyces cerevisiae) através de choque osmótico"
Levedura, flavonoides, fisetina, choque osmótico, microencapsulação.
A incorporação de moléculas bioativas – flavonoides, antioxidantes e vitaminas − tem sido objeto de estudo de diversas pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de novos produtos alimentícios devido ao seu papel comprovado na manutenção da saúde humana. Os flavonoides lipossolúveis como a fisetina possuem biodisponibilidade reduzida, especialmente quando submetidos ao pH do trato gastrointestinal humano. Nesse caso, a microencapsulação em células de levedura Saccharomyces cerevisiae através de choque osmótico é uma estratégia promissora para proteger e transportar essas substâncias in vivo. Contudo, até o presente não havia sido relatado estudo quantitativo sobre esse processo. Desse modo, este trabalho avaliou a eficiência do processo de encapsulação (EE) e o teor de fisetina internalizada (FI) nas células da levedura através de dois métodos de quantificação: (1) cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) e (2) espectroscopia UV-Visível. Os melhores parâmetros operacionais foram determinados por meio do delineamento composto central rotacional 23. As variáveis analisadas foram a concentração de fisetina (C), a pressão osmótica de desidratação (P) e a temperatura do processo (T). A caracterização das células foi realizada através de microscopia confocal a laser (MCL), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e viabilidade celular. Os melhores resultados foram obtidos pelo método 2 nas condições dos pontos centrais (C = 2,00 mg.mL-1, P = 30 MPa e T = 25 °C), onde a EE = 33,30 % e teor de FI = 1,20 mg. Os ensaios de MCL mostraram que a etapa de lavagem com etanol, indispensável no método 1, influenciou negativamente a EE e teor de FI. As imagens em alta resolução capturadas pela MEV mostraram que o choque osmótico não afetou a estrutura encapsulante do envelope celular da levedura. A manutenção das células em soluções com P ≤ 30 MPa reduziu ligeiramente a viabilidade celular (84 % viáveis). Estes resultados demonstram o forte potencial do uso das leveduras como matriz encapsulante para componentes sensíveis. O choque osmótico mostrou melhorar a EE e a quantidade de FI dentro das células. Estes resultados servem de base para a formulação de produtos alimentícios diferenciados com alto teor de compostos bioativos na sua composição.