Reabilitação do sintoma Zumbido por meio da Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua.
zumbido; Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua; reabilitação; neuromodulação; qualidade de vida; ensaio clínico controlado.
O zumbido é a percepção de um som na ausência de uma fonte sonora externa, seu impacto na qualidade de vida pode variar de ligeiro a catastrófico. Atualmente, existem diversas possibilidades para o gerenciamento do zumbido, entre elas está a neuromodulação. A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) é uma técnica de neuromodulação indolor e não invasiva, que utiliza uma corrente elétrica de baixa intensidade para estimular ou inibir o sistema nervoso central, a fim de normalizar a atividade neuronal e, amenizar o zumbido. Objetivo: (1) verificar se há mudança no incômodo e impacto do zumbido após a ETCC em pacientes com zumbido crônico. (2) investigar a aplicabilidade e eficácia da Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua como recurso terapêutico em indivíduos com queixas de zumbido crônico. Método: (1) estudo piloto delineado como ensaio clínico não controlado. (2) estudo delineado como ensaio clínico controlado randomizado. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), parecer nº 5.622.441 e pelo ReBEC, nº RBR-109xh8d6. A amostra foi composta por pacientes adultos encaminhados do ambulatório de Zumbido do HUOL, de ambos os sexos e queixa atual de zumbido crônico, após avaliação audiológica básica. Foram excluídos pacientes que se enquadravam nas contraindicações ao uso da neuromodulação. Realizou-se anamnese, audiometria de altas frequências e, para caracterizar as medidas de resultado, a acufenometria, a Escala Visual Analógica (EVA) e questionário Tinnitus Handicap Inventory (THI). O protocolo de intervenção consistiu na aplicação de corrente de 2mA, por 20 minutos, com eletrodo anódico no córtex temporoparietal esquerdo e eletrodo catódico no córtex préfrontal dorsolateral direito, em cinco sessões consecutivas (1), e durante dez sessões alternadas (2). Os resultados foram analisados de forma descritiva (1) e os dados preliminares (2) submetidos à análise estatística inferencial. Resultados: (1) Avaliou-se três pacientes do gênero feminino e dois, masculino; média de 45 anos de idade, audição dentro dos padrões de normalidade e diminuição da sensibilidade auditiva nas altas frequências. Após as cinco sessões de neuromodulação, a média do escore total no THI variou de 36,8 para 33,2 pontos e, da EVA, foi de 5,16 para 4,4 pontos. (2) Até o momento, a amostra foi composta por 17 pacientes (dez no grupo experimental (GE) e sete no grupo controle (GC)), com média de 49 anos de idade. A média total na EVA reduziu de 4,8 para 4,3 pontos (p= 0,17). Observou-se redução dos escores de todas as escalas do THI pós neuromodulação, com diferença significativa (p= 0,001) para o escore total (38 para 28 pontos). Houve, ainda, diferença significativa (p= 0,0005) do escore total do THI, na comparação entre o GE e GC pós neuromodulação. Considerações finais: (1) Constatou-se diminuição da percepção do incômodo e do prejuízo do zumbido após as sessões de neuromodulação. (2) Até o momento, observou-se diminuição significativa da percepção do impacto do zumbido na qualidade de vida após a intervenção por meio da ETCC, no grupo experimental e na comparação entre os grupos.