A evolução tecnológica dos últimos anos tem mostrado que o profissional da engenharia deve ter uma formação abrangente, não no sentido de conhecer todas as soluções, mas uma formação fortemente fundamentada nos princípios de sua profissão, capacitando-o a exercer com desenvoltura suas competências e habilidades.
O profissional da Engenharia Química formado em conformidade com o presente projeto deverá ter uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitando-se a absorver e desenvolver novas tecnologias e sendo estimulado a atuar de forma crítica e criativa na identificação e resolução de problemas, além de considerar os aspectos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética e humanística, em atendimento às demandas da sociedade. Esse profissional formado a partir da estrutura curricular estabelecida nesse PPC estará em consonância com as exigências e diretrizes estabelecidas nas DCNs bem com o perfil do egresso de Engenharia Química do ENADE, devendo por isso estar apto a: pesquisar, desenvolver, adaptar e utilizar novas tecnologias, com atuação inovadora e empreendedora; ser capaz de reconhecer as necessidades da sociedade, formular, analisar e resolver, de forma criativa, os problemas de Engenharia; adotar perspectivas multidisciplinares e transdisciplinares em sua prática; considerar os aspectos globais, políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e de segurança e saúde no trabalho; e, ainda, atuar com isenção e comprometimento com a responsabilidade social e com o desenvolvimento sustentável.
Assim, o profissional formado a partir deste Projeto Pedagógico deve ser capaz de:
- Aplicar conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e instrumentais à Engenharia Química;
- Projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados;
- Conceber, projetar, otimizar, analisar e controlar sistemas, produtos e processos;
- Planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de Engenharia Química;
- Identificar, formular e resolver problemas de Engenharia Química;
- Desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas;
- Supervisionar a operação e a manutenção de sistemas;
- Desenvolver novos materiais, produtos e/ou processos que abordem novas tecnologias, levando em consideração questões de saúde, segurança e custos.
- Buscar constante atualização, contínuo aprendizado e capacidade de transmissão dos conhecimentos;
- Assumir a responsabilidade pela operação e gestão de unidades industriais de processamento;
- Adquirir e integrar técnicas e conhecimento científico através do desenvolvimento simultâneo e gradual de competências abrangendo habilidades sociais e de gestão;
- Conciliar conhecimento técnico e aplicação das atividades da engenharia como forma de resolver os problemas da sociedade, desenvolvendo processos que sejam sustentáveis e que levem em consideração o ciclo de vida dos produtos e processos.
As competências e habilidades que serão listadas nesta seção para os egressos de Engenharia Química estão alinhadas com a Resolução CNE/CES n°2, de 24 de abril de 2019 e Resolução CNE/CES n°1, de 26 de março de 2021, que instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Engenharia. Além disso, as competências elencadas também estão articuladas com as necessidades locais e regionais, em observância as demandas apresentadas pela sociedade e pelo mercado de trabalho.
Desta forma, os cursos de graduação em Engenharia devem contemplar as seguintes competências gerais:
I - Formular e conceber soluções desejáveis de engenharia, analisando e compreendendo os usuários dessas soluções e seu contexto sendo (a) capaz de utilizar técnicas adequadas de observação, compreensão, registro e análise das necessidades dos usuários e de seus contextos sociais, culturais, legais, ambientais e econômicos; para (b) formular, de maneira ampla e sistêmica, questões de engenharia, considerando o usuário e seu contexto, concebendo soluções criativas, bem como o uso de técnicas adequadas;
II - Analisar e compreender os fenômenos físicos e químicos por meio de modelos simbólicos, físicos e outros, verificados e validados por experimentação sendo capaz de (a) modelar os fenômenos, os sistemas físicos e químicos, utilizando as ferramentas matemáticas, estatísticas, computacionais e de simulação, entre outras; (b) prever os resultados dos sistemas por meio dos modelos; (c) conceber experimentos que gerem resultados reais para o comportamento dos fenômenos e sistemas em estudo e; (d) verificar e validar os modelos por meio de técnicas adequadas;
III - conceber, projetar e analisar sistemas, produtos, componentes ou processos sendo capaz de (a) conceber e projetar soluções criativas, desejáveis e viáveis, técnica e economicamente, nos contextos em que serão aplicadas; (b) projetar e determinar os parâmetros construtivos e operacionais para as soluções de Engenharia; (c) aplicar conceitos de gestão para planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de Engenharia;
IV - Implantar, supervisionar e controlar as soluções de Engenharia sendo capaz de (a) aplicar os conceitos de gestão para planejar, supervisionar, elaborar e coordenar a implantação das soluções de Engenharia; (b) estar apto a gerir, tanto a força de trabalho quanto os recursos físicos, no que diz respeito aos materiais e à informação; (c) desenvolver sensibilidade global nas organizações; (d) projetar e desenvolver novas estruturas empreendedoras e soluções inovadoras para os problemas; (e) realizar a avaliação crítico-reflexiva dos impactos das soluções de Engenharia nos contextos social, legal, econômico e ambiental;
V - Comunicar-se eficazmente nas formas escrita, oral e gráfica sendo capaz de expressar-se adequadamente, seja na língua pátria ou em idioma diferente do Português, inclusive por meio do uso consistente das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICS), mantendo-se sempre atualizado em termos de métodos e tecnologias disponíveis;
VI - Trabalhar e liderar equipes multidisciplinares sendo capaz de (a) interagir com as diferentes culturas, mediante o trabalho em equipes presenciais ou a distância, de modo que facilite a construção coletiva; (b) atuar, de forma colaborativa, ética e profissional em equipes multidisciplinares, tanto localmente quanto em rede; (c) gerenciar projetos e liderar, de forma proativa e colaborativa, definindo as estratégias e construindo o consenso nos grupos; (d) reconhecer e conviver com as diferenças socioculturais nos mais diversos níveis em todos os contextos em que atua (globais/locais); (e) preparar-se para liderar empreendimentos em todos os seus aspectos de produção, de finanças, de pessoal e de mercado;
VII - Conhecer e aplicar com ética a legislação e os atos normativos no âmbito do exercício da profissão sendo capaz de (a) compreender a legislação, a ética e a responsabilidade profissional e avaliar os impactos das atividades de Engenharia na sociedade e no meio ambiente; (b) atuar sempre respeitando a legislação, e com ética em todas as atividades, zelando para que isto ocorra também no contexto em que estiver atuando; e
VIII - Aprender de forma autônoma e lidar com situações e contextos complexos, atualizando-se em relação aos avanços da ciência, da tecnologia e aos desafios da inovação sendo capaz de (a) assumir atitude investigativa e autônoma, com vistas à aprendizagem contínua, à produção de novos conhecimentos e ao desenvolvimento de novas tecnologias. (b) aprender a aprender.
No sentido de atender às competências exigidas nas diretrizes curriculares e especificar algumas inerentes ao curso de Engenharia Química, as competências foram divididas em dois grandes grupos, a saber:
- Competências do Ciclo Básico:
CB1: Utilizar os conceitos básicos da matemática de forma apropriada;
CB2: Utilizar os conceitos básicos da álgebra vetorial e matricial na solução de problemas;
CB3: Utilizar as definições, noções e conceitos do Cálculo Diferencial e Integral;
CB4: Utilizar a linguagem e os principais conceitos da Álgebra Linear;
CB5: Modelar fenômenos e situações problemas em termos de equações diferenciais e sistemas de equações diferenciais;
CB6: Capacidade de tomar decisões em cenários de imprecisões e incertezas;
CB7: Participar criticamente de discussões e interagir com especialistas em aplicações envolvendo energia e suas fontes;
CB8: Participar criticamente de discussões e interagir com especialistas em aplicações envolvendo meios contínuos;
CB9: Participar criticamente de discussões e interagir com especialistas em aplicações envolvendo fenômenos eletromagnéticos;
CB10: Reconhecer fontes de energia e suas características;
CB11: Participar criticamente de discussões em temas na área da termodinâmica e interagir com especialistas em processos aplicados envolvendo energia e suas fontes;
CB12: Cursar disciplinas avançadas na área da termodinâmica; expressar-se de forma logicamente organizada e precisa; e Ler, interpretar, debater e criticar a apresentação de dados em notícias, artigos científicos e técnicos de diferentes áreas de conhecimento;
CB13: Usar conceitos de periodicidade química dos elementos;
CB14: Descrever ligações químicas e elencar propriedades de compostos químicos;
CB15: Correlacionar os conhecimentos entre os universos micro e macroscópico;
CB16: Compreender as interações moleculares;
CB17: Aplicar conceitos básicos de equilíbrio químico;
CB18: Analisar reações de oxidação- redução e caracterizar processos eletroquímicos;
CB19: Executar experimentos em laboratório de Química.
- Competências do Ciclo Profissional:
CP1: Conceber, formular, implantar, supervisionar e controlar soluções desejáveis de engenharia, analisando e compreendendo os usuários dessas soluções e seu contexto;
CP2: Analisar, compreender e aplicar os fenômenos físicos e químicos por meio de modelos simbólicos, físicos e outros, e comunicar os resultados verificados e validados por experimentação;
CP3: Trabalhar e liderar equipes multidisciplinares;
CP4: Conhecer e aplicar com ética a legislação e os atos normativos no âmbito do exercício da profissão;
CP5: Aprender de forma autônoma e saber lidar com situações e contextos complexos;
CP6: Identificar e resolver problemas de Engenharia com olhar crítico, colaborativo, generalista, integrador e proativo, atuando em conjunto com outras áreas do conhecimento;
CP7: Atender às demandas da sociedade no campo de atuação da Engenharia Química, considerando aspectos técnicos, econômicos, sociais e ambientais.
As competências aqui descritas, encontram-se detalhadas nos Quadros 01 e 02 do Apêndice II do PPC. Nos referidos quadros, encontram-se descritas também as habilidades, componentes curriculares associados, atividades acadêmicas e diretrizes de avaliação de cada uma das competências aqui mencionadas. É importante ressaltar que as competências do ciclo profissional se relacionam com as competências do ciclo básico, pois para identificar, analisar e solucionar problemas complexos de engenharia em diversos contextos é necessário a integração das mesmas para a formação de um profissional de Engenharia Química apto para as demandas do mercado de trabalho.
A metodologia caracteriza-se como um dos componentes do projeto pedagógico do curso que objetiva a apropriação pelos alunos dos saberes disciplinares e curriculares, assim como a produção do conhecimento em Engenharia Química.
Para a obtenção dos objetivos da reforma do PPC e buscando-se garantir que o futuro Engenheiro Químico possua as competências e habilidades que se espera desse profissional e para cumprir a legislação pertinente (estabelecidas nas DCNs - resolução CNE/CES, no 2 de 24 de abril de 2019, alterada pela Resolução CNE/CES nº 1, de 26 de março de 2021 e Resolução CONSEPE 048/2020), estão sendo adotadas algumas linhas de ação, as quais abordarão questões referentes a: interdisciplinaridade, flexibilização curricular e a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão.
O aluno do curso de Engenheira Química da UFRN cursará os componentes curriculares da matriz curricular, cujas bases se fundamentam nos seguintes princípios:
- Estruturar os conhecimentos nos componentes do curso visando a sua construção em parâmetros científicos;
- Relacionar as dimensões do processo didático (ensinar, aprender, pesquisar e avaliar) na ação docente;
- Organizar e planejar intencionalmente o trabalho pedagógico;
- Sistematizar com os alunos os conhecimentos científicos da engenharia química produzidos histórica e socialmente;
- Estabelecer a relação teoria e prática na produção e apropriação do conhecimento;
- Valorizar o conhecimento que o aluno traz para a sala de aula, suas vivências e experiências pessoais e coletivas;
- Considerar o desenvolvimento do aluno e suas potencialidades de aprendizagem; e
- Acompanhar o nível de aprendizagem do aluno identificado em uma avaliação em processo.
As atividades acima propostas propiciarão aos alunos a oportunidade de aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos aos problemas práticos evidenciados nos casos reais abordados em discussões de sala de aula ou em projetos de extensão. O desenvolvimento destas atividades, portanto, possibilitará a capacitação dos discentes para que possam desempenhar responsavelmente as atividades profissionais com uma visão crítica e holística sobre as questões pertinentes à área do curso e como protagonistas desse processo.
Nas atividades do Curso, deverão ser respeitadas as estratégias individuais para a realização das diferentes atividades propostas. Essa liberdade de ação e criação deve ser inerente ao processo de ensino e constitui-se de fundamental importância para o processo de formação do profissional-cidadão em Engenharia Química.
A metodologia de ensino para o curso, além dos tradicionais recursos de exposição didática, estudos de caso, dos exercícios práticos em sala de aula, dos estudos dirigidos e/ou independentes e seminários e da curricularização da Extensão, inclui mecanismos que garantem a articulação da vida acadêmica com a realidade concreta da sociedade e os avanços tecnológicos. Inclui ainda alternativas como multimídia, visitas técnicas, teleconferência, internet e projetos desenvolvidos junto a micro e/ou pequenas empresas da região.
No Curso de Graduação em Engenharia Química, de acordo com os princípios democráticos, as diretrizes curriculares nacionais e as da UFRN, o corpo docente detém a autonomia e o controle de seu próprio processo de trabalho, e buscará manter a sua identidade. Estará sendo regido por princípios já referidos neste mesmo capítulo, cabendo a cada professor a seleção de metodologias e instrumentos de ensino condizentes à sua área, inclusive por meio de metodologias ativas, buscando atender aos objetivos propostos pelo Curso, de forma a desenvolver as habilidades e competências esperadas no campo teórico, prático e ético.
No seu fazer pedagógico, o professor deverá estar mais preocupado em formar competências, habilidades, atitudes e valores e disposições de conduta do que com a quantidade de informações. Isto significa que precisará estar relacionando o conhecimento com dados da experiência cotidiana, trabalhar com material significativo, para que o aluno consiga fazer a ponte entre a teoria e a prática, fundamentar críticas, argumentar com base em fatos, enfim, lidar com o sentimento que essa aprendizagem possa estar despertando.
As práticas pedagógicas serão desenvolvidas através de estratégias de ensino, observando-se as operações de pensamento construídas pelo aluno, mediadas pelo docente. Poderão se constituir de:
- Aulas expositivas dialogadas com a utilização de recursos multimídia;
- Estudo de texto;
- Portfólio;
- Tempestade cerebral;
- Mapa conceitual;
- Simpósio;
- Painel;
- Oficina (laboratório ou workshop);
- Estudo do meio;
- Estudo e discussão de casos oriundos de problemas na área de Processos Industriais, com abordagem interdisciplinar;
- Desenvolvimento e apresentação de seminários sobre temas específicos de cada componente curricular, abordando, sempre que possível, conteúdo interdisciplinar.
- Aprendizagem por projetos;
- Integralização vertical – a integralização vertical acontecerá através dos componentes de DEQ0481 – Qualidade e Segurança na Indústria Química, DEQ0514 – Processos das Indústrias Químicas, DEQ0524 – Engenharia Bioquímica, DEQ0528 – Engenharia de Processos, DEQ0531 – Engenharia Ambiental, DEQ0532 – Gestão Tecnológica e Econômica e DEQ0051 - Projeto de Processos na Indústria Química. Para assegurar a integralização vertical, a cada período, terá uma atividade integradora a ser acordada entre os docentes dos componentes curriculares. Para que ocorra esta interdisciplinaridade, os docentes do curso, sob a supervisão da coordenação do curso, devem procurar desenvolver discussões a cada semestre para esclarecimentos, adaptações e necessidade de complementações entre os conteúdos. Como um exemplo, essa integralização pode ser realizada no formato de seminário integrador ou projeto integrador, identificando eixos temáticos verticais, isto é, aqueles que perpassam alguns componentes de períodos distintos.
- Integralização horizontal - essa integralização entre as componentes do ciclo profissional se dá no 5º e 6º períodos. Destaca-se aqui, DEQ0521 – CINÉTICA E REATORES QUÍMICOS como componente integrador para o 5º período e, da mesma forma, DEQ0515 – OPERAÇÕES UNITÁRIAS COM SISTEMAS SÓLIDO-FLUIDO como componente integrador para o 6º período. Esses componentes irão realizar atividades de integralização horizontal que visam a fomentar a interdisciplinaridade entre os conteúdos regulares dos componentes de um mesmo período. Para assegurar a integração horizontal, nas respectivas ementas constará explicitamente o termo ‘Componente integrador’. Lembramos que os demais períodos também possuem integração horizontal como, as Físicas e Químicas para os períodos iniciais, que integralizam os conhecimentos de matemática e, muitas vezes, se complementam. Por exemplo, no 1º período, os componentes FIS0801 – FISICA GERAL I se integraliza com FIS0821 – LABORATÓRIO DE FÍSICA I e com MAT0411 – CÁLCULO 1-E. Além disso, QUI0070 – QUÍMICA GERAL E INORGÂNICA se integraliza com QUI0312 – QUÍMICA EXPERIMENTAL. Todas essas componentes são exemplos de integralizações horizontais entre os componentes básicos do 1º período.
- Também será utilizado, em casos específicos, o desenvolvimento de projetos de extensão junto à comunidade, a participação e organizações de congressos e a prestação de serviços de monitoria por parte do corpo discente no apoio às aulas práticas.
- A extensão deve corresponder a 10% do total da carga horária do curso, desse modo, para atendimento dessa exigência, as atividades extensionistas serão cumpridas através da inserção de horas de extensão em componentes obrigatórios (48 h) e optativos (326 h) que permitam essa prática, como os componentes DEQ0501 - Introdução a Engenharia Química (8 h), DEQ0531 - Engenharia Ambiental (15 h), DEQ0532 - Gestão Tecnológica e Econômica (15 h), DEQ0514 - Processos das Indústrias Químicas (10 h); e, das atividades complementares que deverão ter 60 horas, das suas 360 h, dedicadas à extensão.
- As visitas técnicas também constituem excelente oportunidade para consolidação dos conceitos teóricos apresentados em aulas expositivas.
- O trabalho em equipe é outro grande aspecto a ser priorizado. Sobre ele, pode-se afirmar que é rotina na atuação do profissional e, portanto, é de fundamental importância que o ambiente acadêmico seja caracteristicamente colaborativo, enfatizando o compromisso e a troca de experiências e conhecimentos entre docentes e discentes. Na mesma linha, deve-se lembrar de que considerar as diferenças individuais dos alunos e apoiar o desenvolvimento de interesses e habilidades particulares de cada um é imprescindível, quando se elege a atenção à diversidade como princípio didático.
Ao escolher as estratégias de ensino, sugere-se que elas sejam as mais diversificadas possíveis, que privilegiem mais o raciocínio que a memória, que seja instrumento a favor da interação entre o professor e o aluno, aluno e aluno, em busca da construção de conhecimentos coletivos. Isso ocorrerá com maior significância e será mais eficaz se os conteúdos forem tratados de forma contextualizada, de modo a que o conhecimento possa ser relacionado com a prática e com a experiência, pois o contexto mais significativo ao aluno é o que está mais próximo dele: sua vida pessoal, seu cotidiano, sua vivência – é através dele que o aluno poderá estar fazendo a ponte entre o que se aprende no Curso e o que faz, vive e observa no dia a dia. É na seleção de metodologias e procedimentos adequados, articulados com objetivos, conteúdos, avaliação, relação professor-aluno, que o professor terá oportunidade de contribuir para autonomia do aluno, e professor e aluno terão oportunidades de vivenciar a cidadania. Nessa vivência cotidiana, portanto, devem estar presentes o respeito mútuo, o saber lidar com o outro e a consideração aos valores e ética profissional.
Ao selecionar e organizar os conteúdos, o professor deverá buscar a relação entre a teoria e a prática, através de conteúdos curriculares mais próximos e familiares ao aluno, incluindo situações de trabalho e do exercício da cidadania. Deve, ainda, ter em mente a visão orgânica e a relação entre as diferentes áreas do conhecimento, para que possa se evidenciar o diálogo, a interação entre as partes de um saber comum (interdisciplinaridade). A complementaridade entre os componentes e os conteúdos deverá aparecer na relação estabelecida entre os professores através de projetos de estudos, pesquisas, ações a serem obtidas a partir de um diálogo permanente.
A operacionalização da proposta metodológica pode lançar mão de métodos tradicionais de ensino, tais como aulas expositivas e seminários. Entretanto, o desafio está em propor inovações no campo da metodologia de ensino para alavancar o efetivo desenvolvimento das competências do egresso. Neste sentido, a proposta metodológica viabilizará a integração dos conteúdos vistos ao longo do curso.
Essa proposta metodológica deve ser de conhecimento de todo o corpo docente para que os diversos planos de ensino sejam elaborados de forma integrada.
Para o Engenheiro Químico, é de fundamental importância o uso de técnicas de ensino cuja dinâmica permita estabelecer relações entre os diversos conteúdo do curso e sua aplicação. As atividades delineadas a partir da proposta metodológica devem retratar esses aspectos pragmáticos, baseados em uma fundamentação teórica consistente.
Sob esta perspectiva, para o curso, são sugeridas as seguintes atividades:
- Desenvolvimento de projetos de trabalho capazes de integrar diferentes componentes curriculares de um mesmo semestre do curso, ou, até mesmo, componentes de diferentes semestres;
- Organização de laboratórios que permitam a simulação de situações de trabalho que poderão ser encontradas pelos futuros profissionais; e
- Realização de atividades extracurriculares capazes de oferecer maiores informações a respeito das atividades realizadas pelo profissional da Engenharia Química.
Assim, o proceder didático, uma vez dirigido para a apropriação do perfil delineado para este curso, estará voltado para a formação do profissional que sabe fazer, a partir de uma concepção crítica das relações que permeiam a educação, a gestão, a sociedade e o trabalho.
Com o intuito de alcançar os objetivos e tendo presentes as diretrizes estabelecidas, esta Instituição de Ensino Superior (IES) propôs a seguinte estratégia de ação para o Curso:
- Atuação no CONSEPE (Conselho de Ensino e Pesquisa), órgão consultivo em matéria administrativa e disciplinar e deliberativo em matéria didático-científica, constituído por discentes, docentes e a administração da IES, numa gestão democrática e participativa das atividades desenvolvidas a partir das diretrizes definidas por este Projeto Pedagógico.
- Criação e desenvolvimento de meios de comunicação efetivos dentro da comunidade interna pelo Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA), e entre UFRN e a sociedade em geral.
- Realização de eventos que possibilitem o intercâmbio e a ligação da comunidade interna com profissionais e personalidades de relevância, que sirvam de referência/sejam motivo de debate para a comunidade acadêmica, para o mercado ou para a sociedade em geral, tais como:
- Encontros regulares para discutir sobre a Engenharia Química;
- Viagens de estudo a serem realizadas semestralmente;
- Organização de seminários; e
- Reuniões de acompanhamento do Curso, e de acompanhamento do rendimento acadêmico.
A avaliação do projeto pedagógico compreende o acompanhamento e a gestão da execução do projeto. A avaliação será executada observando-se dois eixos: o processo de ensino-aprendizagem e o projeto pedagógico em si. Além de utilizar metodologias e critérios para acompanhamento e avaliação do processo ensino-aprendizagem e do próprio curso, é apresentado um questionário que auxiliará no acompanhamento de avaliação do projeto. Este questionário será formatado e regularmente atualizado pelo Colegiado do Curso de Engenharia Química.
AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
O principal propósito da avaliação é acompanhar a experiência do aluno, no processo do ensino-aprendizagem, construindo conhecimento, com indicação contínua da efetividade das situações didático-pedagógicas propostas.
Embora expresso em valor numérico, conforme normas institucionais, o resultado da avaliação global do aluno deve, sobretudo, refletir os aspectos qualitativos e possibilitar a formação do perfil proposto exigido pelo curso.
A dinâmica curricular do Curso requer um processo avaliativo que prime pela qualificação do futuro profissional, por meio de uma rede formativa que contemple, por um lado, os aportes metodológicos inovadores pautados por um viés interdisciplinar e, por outro, na interconexão do ensino, da pesquisa e da extensão.
A avaliação não só está enraizada no processo de aquisição de conhecimentos, habilidades, competências e atitudes, mas também no envolvimento de alunos e professores por meio de diálogo crítico e emancipador, a fim de superarem as dificuldades encontradas no processo de aquisição, problematização, elaboração e recriação do saber.
Assim, a avaliação da aprendizagem caracteriza-se como um processo correlacional entre os que ensinam e os que aprendem. Traz implicações positivas para o redimensionamento crítico dos papéis do educador e do educando no processo formativo, preocupando-se não apenas com a apropriação dos saberes, mas também com as suas formas de apreensão e de produção. Com isso, o curso de Engenharia Química, procura superar a concepção de avaliação de aprendizagem como uma variável independente, isto é, como uma variável com um fim em si mesma e não nas reais implicações e aplicações no contexto social e cultural vigente. Serão utilizados, para isso, diferentes instrumentos avaliativos que contemplem, tanto os aspectos formativos como os somativos, por meio de diferentes instrumentos de avaliação que promoverão a aprendizagem do aluno nas diferentes e variáveis situações do cotidiano acadêmico e social.
Em algumas situações, se tem a necessidade de estratégias para atendimento a necessidades específicas que sejam temporárias ou permanentes. Nesses casos, observa-se a orientação da SIA, além de conversas com o próprio discente a fim de verificar o melhor caminho. Entre as ações para flexibilização na avaliação estão o aumento do tempo de prova, a divisão da prova em duas ou mais partes, a realização da prova fora do horário da aula e outras necessidades específicas que os estudantes tenham.
Em síntese, o acompanhamento do processo de aprendizagem dos alunos, ao longo do curso, assumindo uma perspectiva formativa, incluirá as seguintes situações:
a) Autoavaliação: é efetivada pelo próprio acadêmico, a partir de reflexões sobre as suas construções, habilidades desenvolvidas e atitudes (relacionamento interpessoal). Essa modalidade de avaliação permite o desenvolvimento do senso de corresponsabilidade no andamento das situações de ensino-aprendizagem propostas.
b) Avaliação pelo professor: tem como objetivo o acompanhamento das construções, representações, habilidades e atitudes do acadêmico, percebendo em que estágio se encontra bem como as elaborações sintéticas produzidas até então, numa perspectiva de resgate de lacunas e incentivo à superação constante.
No que se refere à avaliação somativa, a mesma certificará a aprendizagem dos acadêmicos tendo como referência os níveis de aproveitamento previamente estabelecidos pela UFRN. A avaliação somativa, tendo como objetivo a verificação das aprendizagens significativas, incluirá:
a) Avaliação teórica: envolve a avaliação do conhecimento efetivamente construído. Será realizada em pelo menos dois momentos pontuais (sendo um deles ao final), dentro de um componente. Poderá utilizar-se de diferentes técnicas, como provas, apresentação de seminários, relatórios, trabalhos individuais, entre outras.
b) Avaliação prática: envolve a avaliação do desempenho prático dos acadêmicos, realizada ao final de um componente, a partir das competências e habilidades desenvolvidas no mesmo. Envolve, também, a verificação das habilidades.
AVALIAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO
A atualização, implantação e o desenvolvimento do projeto pedagógico deverão ser acompanhados e permanentemente avaliados semestralmente pelo Núcleo Docente Estruturante-NDE, instituído por meio de portaria do colegiado do Curso de Engenharia Química, a fim de permitir os ajustes que se fizerem necessários ao seu aperfeiçoamento.
Para se atingir os objetivos desejados neste Projeto, algumas ações deverão ser executadas:
1. Criação de uma comissão avaliadora, com mandato de 1 (um) ano a ser escolhida no Colegiado do curso, para acompanhar os resultados advindos da execução do Projeto Pedagógico do curso.
2. Reuniões semestrais entre professores que lecionarão os componentes do curso em áreas afins, para discussão sobre as metodologias, ferramentas e linguagens de programação que serão utilizadas, de modo a formar um conjunto consistente, além de alterá-las quando necessário.
3. Reuniões entre o Coordenador, o Vice-Coordenador, professores e representantes dos alunos ao final dos semestres para avaliar a eficácia do Projeto Pedagógico e detectar possíveis ajustes que sejam necessários.
4. Perspectiva de melhoria contínua do curso através das elaborações dos PATCGs, sem prejuízo de ajustes pontuais que possam ser realizados pelo colegiado quando se entender necessário.
5. Realização anual da Semana de Avaliação e Planejamento (SAP) do curso com o objetivo de propor melhorias na qualidade do curso de Engenharia Química, levando ao aumento da satisfação e motivação do corpo discente com o processo de ensino-aprendizagem, além de melhorar a percepção do curso.
6. Elaboração e implementação do Plano de Ação Trienal do Curso de Engenharia Química propondo estratégias para enfrentamento das fragilidades e encaminhamento de melhorias dos indicadores estabelecidos pela resolução Nº 181/2017-CONSEPE.
De maneira geral, espera-se, com as ações propostas, que haja a melhoria do Curso de Engenharia Química no tocante a todos os aspectos listados, levando ao aumento da satisfação e motivação do corpo discente com o processo de ensino-aprendizagem do qual eles fazem parte, aumentando suas oportunidades de assimilação do conteúdo e de evolução enquanto cidadão, além de melhorar a percepção do curso pelo discente. Almeja-se que as mudanças propostas impactem positivamente a avaliação do Curso de Engenharia Química no ENADE.
O projeto de autoavaliação empregado caracteriza-se, assim, como um ciclo que toma corpo e se justifica como um processo conjuntivo-formativo que visa implementar medidas concretas para o constante aperfeiçoamento da organização didático-pedagógica do curso, junto a Comissão Própria de Avaliação – CPA e a PROGRAD por meio da Diretoria de Desenvolvimento Pedagógico.
Baixar Arquivo