Segundo o Capítulo II, Artigo 3° da Resolução nº 2, de 24 de abril de 2019, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Curso de Graduação em Engenharia [01,02] no Brasil, o profissional em Engenharia deve compreender, entre outras, as seguintes características:
I – Ter visão holística e humanista, ser crítico, reflexivo, criativo, cooperativo e ético e com forte formação técnica;
II – Estar apto a pesquisar, desenvolver, adaptar e utilizar novas tecnologias, com atuação inovadora e empreendedora;
III – Ser capaz de reconhecer as necessidades dos usuários, formular, analisar e resolver, de forma criativa, os problemas de Engenharia;
IV – Adotar perspectivas multidisciplinares e transdisciplinares em sua prática;
V – Considerar os aspectos globais, políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e de segurança e saúde no trabalho;
VI – Atuar com isenção e comprometimento com a responsabilidade social e com o desenvolvimento sustentável.
O termo competência vem do latim competentia que significa aptidão, idoneidade, faculdade que uma pessoa tem para apreciar ou resolver um assunto [02,04]. Discussões acerca de currículos baseados em conteúdos ou em competências ocorrem
tanto no mundo e também no Brasil, desde a década de 1990, porém na Resolução
nº 2, de 24 de abril de 2019, que institui as novas DCNs [01], o foco em formação por competências está bem mais destacado e claro, quanto às estratégias de ensino para os cursos de engenharia.
Zarifian [2] apresenta o termo competência com três enfoques. O primeiro envolve o tomar iniciativa e assumir responsabilidade, que estão relacionados com a autonomia que o indivíduo possui em situações profissionais com as quais se depara. O segundo baseia-se na dinâmica da aprendizagem, definindo a competência como um entendimento de situações práticas que se apoia em conhecimentos adquiridos, transformando-os para resolver problemas. E o terceiro, traz como ponto central o trabalho em equipe e a corresponsabilidade de indivíduos, apresentando a competência como a faculdade de mobilizar uma rede de atores em torno de umamesma situação.
Fleury e Fleury [2] definiram competência como um saber agir responsável e reconhecido, que implica em mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo.
Estes mesmos autores [2] procuraram categorizar a formação por competências de um indivíduo em três (3) blocos:
i. competências técnicas - específicas para certas operações, ocupação ou tarefa (exemplo: desenho técnico); ii. Competências sociais - necessárias para interagir com pessoas (exemplo: comunicação) e iii. Competênciasde negócio - trata de compreender o negócio, seus objetivos no contexto de mercado, investidores e clientes, assim como o cenário político e socioeconômico. Neste mesmo âmbito, Zarifian [2] acrescentou ainda a competência de inovação, que por exemplo, diz respeito a condução de projetos e ações em novos serviços.
As competências de um dado currículo educacional de engenharia deve contemplar objetivos de aprendizagem cognitivos e socioemocionais. O primeiro trata de o direcionamento do desenvolvimento de habilidades como analisar, interpretar, calcular, avaliar, resolver problemas e ser capaz de transpor conhecimentos para outras situações. O segundo, objetiva o desenvolvimento de habilidades como se relacionar com os outros e consigo mesmo, ter objetivos e ser capaz de atingi-los, administrar as emoções, tomar decisões autônomas e com responsabilidade [44].
O currículo por competências deve em cada etapa do seu trajeto, despertar o sendo de competência no próprio aluno. Este, por sua vez, precisa sentir-se capaz de alcançar o objetivo de aprendizagem proposto, que pretende ao final desenvolver uma competência específica. Por isso é fundamental que os objetivos deaprendizagem estejam claros para os envolvidos (alunos e professores) [44].
Foi neste contexto que as competências listadas no Quadro 04 foram discutidas e elaboradas pelos docentes do Núcleo Docente Estruturante (NDE) e Colegiado do curso de engenharia de materiais da UFRN. Ao total foram estabelecidas onze (11) competências, das quais oito (8) são gerais (de I a VIII) e já constam no Capítulo II, Artigo 4° da Resolução nº 2, de 24 de abril de 2019, que institui as novas DCNs [01;02]; e três (3) são específicas (de IX a XI). Estas últimas foram construídas a partir de um levantamento realizado pela coordenação do curso nos anos de 2020 e 2021, onde três (3) percepções foram consideradas: i. dos egressos do curso (envolvendo alunos formados desde de 2004 até 2020); ii. do setor industrial do Rio Grande do Norte (principalmente pequenas e médias empresas) e iii. dos membros do NDE e Colegiado.
Conforme reportado na Resolução nº 181/2017 – CONSEPE/UFRN [45], atualizada em 2020 pela Resolução nº 048/2020 - CONSEPE/UFRN [47], que institui o Plano de Ação Trienal dos Cursos de Graduação (PATCG) dentro da Política de Melhoria da Qualidade dos Cursos de Graduação e de Pós-Graduação oferecidos na UFRN, o curso de engenharia de materiais continuamente desenvolve e discute ações de aperfeiçoamento na prática de ensino-aprendizagem, envolvendo docentes, discentes e técnicos. De modo geral, envolve ações exitosas e inovadoras no ensino de engenharia, capacitação dos corpos docente e técnico, introdução de novas metodologias de ensino, inclusão e acessibilidade seja da infraestrutura do Departamento de Engenharia de Materiais, e práticas pedagógicas, além da atualização curricular.
A nova abordagem na construção de um desenho curricular deve ser guiada pelo perfil do egresso, expresso pelas competências que se deseja desenvolver nos alunos [44]. Alinhar este perfil com as experiências de aprendizagem que serão trabalhadas ao longo do currículo é a chave para desenvolver as competências desejadas para os egressos. Pensar e entender como esses momentos de aprendizado serão executados considerando os conteúdos associados é fundamental.
Neste contexto, a nova estrutura curricular do curso de engenharia de materiais da UFRN foi construída baseada em competências (gerais e específicas), conforme anteriormente reportado no tópico 7.2.1 e Quadro 04, considerando o disposto na Resolução nº 2, de 24 de abril de 2019, que institui as novas diretrizes curriculares nacionais para os cursos de engenharia [01]. Além disso, a fim de alinhar as competências do curso com as atribuições profissionais e atuação do engenheiro de materiais formado na UFRN, o NDE e Colegiado correlacionaram cada competência desejada com as atividades listadas na Resolução CONFEA n° 1.073, de 19 de abril de 2016 [31], como mostra o Quadro 05. A continuidade na discussão e elaboração da estrutura curricular foi realizada a partir do disposto no Quadro 05. Os docentes descreveram quais as experiências
AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Entende-se que a avaliação é crucial no processo de ensinoaprendizagem e a forma que se avalia deve estar em sintonia com a forma como se ensina. Avaliar é o processo que visa verificar a aquisição de competências e habilidades em determinada área do conhecimento ou do campo laboral. Tem sempre em vista o processo de melhoria contínua [60].
Normalmente, associa-se à avaliação a atividade de verificar se o estudante adquiriu os conhecimentos suficientes para prosseguir seus estudos e ser aprovado em alguma disciplina ou curso. Contudo, nesta visão classificatória, muitas vezes o foco é apenas nos conteúdos, verificando se eles foram absorvidos, sem dar abertura para análises críticas e síntese do conhecimento [2]. Nesta sistemática, o papel da avaliação é
restringido na observação dos níveis iniciais de domínio cognitivo, como descrito na Taxonomia de Bloom, que tem uma proposta de organização de objetivos educacionais. Dentro do domínio cognitivo, seis níveis são citados como conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação [44]. Portanto, é fundamental compreender a avaliação como uma etapa do processo de ensino aprendizagem e não como um fim em si mesma.
A fim de alinhar os conceitos de avaliação com o discutido anteriormente, cabe aqui destacar os três (3) principais tipos de avaliação:
✓ DIAGNÓSTICA: Identificação prévia da turma (perfil; conhecer lacunas de aprendizagem, ...), conhecimentos pré-estabelecidos para o planejamento do percurso ensino-aprendizagem.
✓ FORMATIVA: Contínua. Realizada ao longo do processo. Oferece parâmetros para observar se o objetivo foi alcançado e pode interferir no que compromete a aprendizagem.
✓ SOMATIVA: Classifica os resultados de aprendizagem alcançados pelos alunos ao final do processo. Considerada uma avaliação estática e que evidencia o alcance ou não dos objetivos através de notas.
Segundo as novas Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Engenharia, estabelecidas pela Resolução nº 2, de 24 de abril de 2019 [1], no seu Capítulo III e Art.6° VIII, reporta que o processo de autoavaliação e gestão de aprendizagem do curso que contemple os instrumentos de avaliação das competências desenvolvidas, e respectivos conteúdos, o processo de diagnóstico e a elaboração dos planos de ação para a melhoria da aprendizagem, especificando as responsabilidades e a governança do processo. No seu Capítulo IV e Art.13°, a resolução descreve que a avaliação dos estudantes deve ser organizada como um reforço, em relação ao aprendizado e ao desenvolvimento das competências. Neste sentido, são contempladas as ações:
✓ As avaliações da aprendizagem e das competências devem ser contínuas e previstas como parte indissociável das atividades acadêmicas.
✓ O processo avaliativo deve ser diversificado e adequado às etapas e às atividades do curso, distinguindo o desempenho em atividades teóricas, práticas, laboratoriais, de pesquisa e extensão.
✓ O processo avaliativo pode dar-se sob a forma de monografias, exercícios ou provas dissertativas, apresentação de seminários e trabalhos orais, relatórios, projetos e atividades práticas, entre outros, que demonstrem o aprendizado e estimulem a produção intelectual dos estudantes, de forma individual ou em equipe.
Esta abordagem da Resolução nº 2, de 24 de abril de 2019 [1] está de acordo com o previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) [61], que prevê: “Os processos avaliativos devem ser contínuos e cumulativos do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais.”
Neste sentido, o curso de engenharia de materiais da UFRN planeja e pretende utilizar uma ótica avaliativa mais diagnóstica e formativa, com uso de diferentes ferramentas de avaliação (presencial e online), baseada em competências, considerando as metodologias ativas como aprendizagem baseada em problemas e
projetos, entre outras. Com isso, os alunos serão avaliados de forma contínua, permitindo que sejam identificadas lacunas e devidamente corrigidas, mediante tutoria dos docentes do curso.
AVALIAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO
A avaliação do Projeto Pedagógico do Curso (PPC) continuará sendo realizada pelo Colegiado e Núcleo Docente Estruturante (NDE) do curso de Engenharia de Materiais da UFRN em suas reuniões mensais. Além disso, o desenvolvimento do PPC será discutido na Semana de Avaliação e Planejamento (SAP), já institucionalizada pela UFRN. O Plano de Ação Trienal dos Cursos de Graduação (PATCG) está atualizado e válido até 2023.
O PATCG também segue a mesma sistemática de avaliação. Vale ressaltar que a coordenação do curso está em constante contato e discussão com a Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD), Comissão Própria de Avaliação – CPA e a Diretoria de Desenvolvimento Pedagógico (DDPed).
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