Com base nos objetivos anteriormente elencados e tendo como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de graduação em Medicina adota-se como perfil desejado de egresso "o(a) profissional com formação geral, humanista, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, nos âmbitos individual e coletivo, com responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania, da dignidade humana, da saúde integral do ser humano e tendo como transversalidade em sua prática, sempre, a determinação social do processo de saúde e doença".
Articulando-se este perfil de egresso com as necessidades locais e regionais e as demandas contemporâneas do mundo do trabalho, a descrição se amplia para abranger a formação de profissional médico(a):
● com competências técnico-científicas, ético-políticas, socioculturais e humanísticas, que o(a) capacite para atuar efetivamente na atenção à saúde individual e coletiva, na gestão em saúde e na educação em saúde;
● com senso de responsabilidade social, orientado(a) pelo pressuposto da determinação social do processo de saúde e doença e comprometido(a) com a defesa da cidadania, da dignidade humana e da integralidade da atenção;
● com capacidade para identificar e dar respostas efetivas às necessidades de saúde individuais e coletivas, com ênfase no contexto regional do semiárido nordestino, valorizando as necessidades de saúde da (nossa) população e seus aspectos éticos e culturais;
● capacitado(a) para atuar efetivamente na promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, diagnóstico, tratamento e reabilitação, além de acompanhamento do processo de morte, nos diversos níveis de atenção, com ênfase na atenção primária à saúde;
● com forte vinculação à realidade socioeconômica e cultural das regiões em que desenvolve seu processo formativo, comprometido(a) com a qualificação da atenção à saúde e a redução das desigualdades no acesso aos serviços de saúde;
● capaz de trabalhar em equipe na perspectiva interprofissional e colaborativa, compreendendo o usuário como sujeito ativo do processo de produção dos serviços de saúde;
● capacitado(a) para atuar efetivamente frente às novas dinâmicas do mundo do trabalho, levando em consideração as suas implicações na realidade da atuação médica;
● consciente da importância da preservação do meio ambiente de forma sustentável, de modo que, no desenvolvimento da prática médica, sejam respeitadas as relações entre ser humano, ambiente, sociedade e tecnologias.
Para se atingir o perfil desejado do egresso, o curso de medicina da Escola Multicampi de Ciências Médicas da UFRN propõe uma formação médica que considere a identificação dos agravos de saúde mais relevantes, em consonância com a realidade epidemiológica do interior do Rio Grande do Norte. Ao final do curso, o graduando deverá estar preparado para atuar como médico generalista, especialmente na atenção primária e em serviçosde urgência e emergência, inclusive no contexto rural ou em municípios de pequeno porte distantes de grandes centros urbanos.
De forma a atingir este resultado, os objetivos da formação médica estão definidos de acordo com as dimensões cognitiva, psicomotora e afetivo-atitudinal, visando à aquisição de competências essenciais à prática profissional em Medicina.
Para os efeitos deste Projeto Pedagógico, adota-se a mesma definição de competência utilizada nas DCN para os cursos de graduação em Medicina, em que esta é compreendida como a capacidade de mobilizar conhecimentos, habilidades e atitudes, com utilização dos recursos disponíveis, e exprimindo- se em iniciativas e ações que traduzem desempenhos capazes de solucionar, com pertinência, oportunidade e sucesso, os desafios que se apresentam à prática profissional, em diferentes contextos do trabalho em saúde, traduzindo a excelência da prática médica, prioritariamente nos cenários do Sistema Único de Saúde (DCN, 2014).
As DCNs para os cursos de Medicina estabelecem que, para se alcançar o perfil requerido ao egresso e o desenvolvimento de práticas efetivas, adequadas e oportunas, as iniciativas e ações esperadas do egresso são agrupadas em três áreas de competência, a saber: Atenção à Saúde, Gestão em Saúde e Educação em Saúde. A aquisição de competências decorre da incorporação, ao longo do curso, de sólido conhecimento técnico- científico, habilidades e atitudes, além da capacidade de resolver problemas, atributos que, conjuntamente, conferem ao indivíduo as aptidões necessárias ao exercício da Medicina. Para esta finalidade e buscando coerência com o referencial teórico adotado, as competências esperadas são descritas a seguir em termos de suas dimensões cognitiva, psicomotora e afetivo- atitudinal.
*A descrição de todo este item, encontra-se no Prjeto Pedagogico do Curso disponibilizado nesta página.
A natureza da formação generalista na área da medicina é baseada em ampla e consolidada formação profissional capaz de proporcionar a integralidade do cuidar. Os saberes necessários a este modelo de formação são norteados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Graduação em Medicina (MEC, 2014). O artigo 4º desta diretriz afirma que a formação do graduado em medicina deverá ocorrer em três áreas: Atenção à saúde, Gestão em saúde e Educação em saúde. Dessa maneira torna-se essencial estabelecer relação com o processo saúde-doença do cidadão, da família e da comunidade e com a realidade epidemiológica e profissional.
No âmbito da UFRN, este PPC observa e atende a Resolução nº 171/2013 – CONSEPE, de 5 de novembro de 2013, que aprova o Regulamento dos Cursos Regulares de Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, alterada pela Resolução nº 037/2019, de 23 de Abril de 2019, pela Resolução nº 112/2021, de 2 de Fevereiro de 2021, a Resolução nº 006/2022 – CONSEPE, de 26 de abril de 2022, que aprova o Regulamento de Extensão da UFRN; a Resolução no 026/2019-CONSUNI, que institui a Política de Inclusão e Acessibilidade e a Resolução no 027/2019- CONSUNI que regulamenta a Rede de Apoio à Política de Inclusão e Acessibilidade e a Comissão Permanente de Inclusão e Acessibilidade da UFRN.
Para a organização do projeto pedagógico do curso, de forma a atender aos objetivos e ao perfil profissional do egresso, alguns princípios foram adotados para orientar o desenvolvimento das atividades de ensino, sob a perspectiva de contemplar os pressupostos da flexibilização curricular, da interdisciplinaridade e da articulação da teoria com a prática:
● Estrutura curricular planejada a partir de módulos integrados e interdisciplinares, delineados em complexidade progressiva, com prática pedagógica apoiada na articulação entre aquisição de conhecimentos cognitivos, habilidades psicomotoras e desenvolvimento de atitudes, visando ao ganho de competências profissionais;
● Emprego de metodologias centradas nos estudantes, com ênfase no aprendizado baseado na resolução de problemas e no ensino baseado na comunidade e no sistema de saúde, desta forma contemplando a integração teoria-prática, de forma longitudinal no currículo;
● Favorecimento de uma vivência aprofundada e integrada na comunidade e no sistema de saúde, durante o processo de formação dos estudantes;
● Avaliação de estudantes baseada nas competências delineadas pelo projeto pedagógico, envolvendo métodos voltados para avaliação cognitiva, de habilidades e de atitudes;
● Flexibilização curricular, por meio da ausência de pré-requisitos entre componentes curriculares obrigatórios.
O modelo curricular empregado no curso de Medicina Multicampi valoriza o processo de ensino-aprendizagem integrado de maneira vertical e horizontal para o desenvolvimento de competências, fazendo uso de metodologias ativas e da integração ensino-serviço-comunidade. Para este fim, entende-se integração vertical como aquela existente entre os diversos componentes curriculares, ao longo dos períodos do curso, coadunando competências entre si e integração horizontal como a integração entre os componentes curriculares de um mesmo período, atuando de maneira interligada. Assim, o projeto pedagógico do curso de Medicina da EMCM está organizado em duas fases, a saber: FUNDAMENTOS DA PRÁTICA MÉDICA e INTERNATO, cada uma delas compreendendo diferentes atividades e metodologias.
○ FUNDAMENTOS DA PRÁTICA MÉDICA: compreende módulos temáticos interdisciplinares realizados ao longo dos quatro primeiros anos do curso. De forma a contemplar os princípios do ensino baseado em competências, os módulos temáticos interdisciplinares são operacionalizados como dois eixos curriculares, o eixo tutorial (com ênfase no desenvolvimento da dimensão cognitiva e de competências formativas) e o eixo habilidades- comunidade (com ênfase nas dimensões psicomotora e afetivo-atitudinal). Para exemplificar, citamos o módulo temático "DOR, em que este é ofertado como dois componentes curriculares em correquisito, um deles relacionado ao eixo tutorial (MDM4006 - DOR - EIXO TUTORIAL) e o outro relacionado ao eixo habilidades e comunidade (MDM4007 - DOR - EIXO HABILIDADES E COMUNIDADE).
○ INTERNATO: corresponde ao estágio curricular obrigatório de treinamento em serviço, em serviços próprios ou conveniados, e sob supervisão direta de docentes da própria UFRN ou de preceptores dos serviços de saúde. Tendo em vista as especificidades do curso, no que se refere à formação integrada à realidade de saúde dos municípios do interior do estado do Rio Grande do Norte e à inserção dos estudantes nos cenários de práticas desde as fases iniciais, o internato assume um modelo longitudinal, com módulos do 2º ao 8º nível do curso e estágios que seguem o modelo tradicional nos dois últimos anos do curso de graduação de medicina (9º ao 12º nível). Os componentes curriculares em regime de internato do 2º ao 8º período do curso são denominados de "Vivências Integradas na Comunidade", em que cada módulo semestral possui duração de quatro semanas e atividades práticas contemplando os três níveis de atenção à saúde, em nível crescente de complexidade e desenvolvidas na rede de serviços do SUS de municípios do interior do Rio Grande do Norte. A formação do internato tem continuidade com os módulos do 9º ao 12º período, estruturados de forma a contemplar as áreas de Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Saúde Coletiva, Saúde Mental, Medicina da Família e Comunidade (Atenção Básica) e Urgência e Emergência, conforme estabelecido nas DCNs.
Neste ponto do PPC, faz-se necessário descrever os métodos didático- pedagógicos empregados no curso para o atendimento de cada uma das dimensões voltadas para o desenvolvimento de competências nos estudantes.
A dimensão cognitiva é atendida pelo emprego predominante e preferencial da aprendizagem baseada em problemas (PBL, do inglês problem-based learning), complementada por outras metodologias ativas como a aprendizagem baseada em equipes (TBL, do inglês team-based learning) e por metodologias tradicionais como conferências, aulas expositivas, simpósios e exposições dialogadas.
Para desenvolvimento das dimensões psicomotora e afetivo-atitudinal são empregados métodos de ensino-aprendizagem do campo da simulação e do ensino de habilidades clínicas, aulas práticas tradicionais com modelos anatômicos e outros recursos didático-pedagógicos, além do ensino clínico pautado nos pressupostos da educação baseada na comunidade, envolvendo o atendimento a pessoas reais, em cenários e contextos diversos.
Para atingir os objetivos do curso, os métodos de ensino-aprendizagem utilizados são descritos a seguir:
1. Aprendizagem baseada em problemas: mais conhecido pela sua sigla PBL, abreviatura de problem-basedlearning, trata-se de método de ensino-aprendizagem baseado na resolução de problemas e centrado no estudante, que desempenha papel ativo e preponderante em sua educação. O PBL propõe-se a favorecer a aquisição e estruturação adequada do conhecimento em um contexto clínico e objetiva promover a motivação para o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades para a autoaprendizagem. A metodologia envolve a discussão de situações-problema em pequenos grupos, que são chamados de grupos tutoriais, sob a mediação de um tutor. As situações-problema são essencialmente de natureza interdisciplinar, favorecendo a integração entre conteúdos de diferentes áreas e, além disso, por serem contextualizadas em relação à prática profissional futura do estudante, estimulam a articulação entre teoria e prática. Adicionalmente, o método promove o desenvolvimento de outros atributos relevantes como a comunicação, trabalho em equipe, respeito aos colegas e desenvolvimento de postura crítica, capacitando o(a) futuro(a) médico(a) para lidar com os problemas da vida profissional. Os grupos tutoriais são constituídos por oito a 12 estudantes, um(a) tutor(a) e obedecem a uma dinâmica de trabalho pré-estabelecida. Antes do início da discussão, é escolhido entre os(as) alunos(as) um coordenador, para dirigir a sessão, e um(a) relator(a), para registrar as discussões do grupo. No curso de medicina da EMCM é empregado o método dos Sete Passos, adotado pela Universidade de Maastricht, Holanda (Quadro 6). Os passos de 1 a 5 são realizados na sessão de abertura do problema ou sessão de análise. Entre as duas sessões, o aluno deve realizar pesquisa em diferentes fontes de informações sobre os objetivos de aprendizagem propostos. Essa etapa de estudo individual e autodirigido constitui o passo 6. O passo 7, ou sessão de fechamento do problema, é a sessão de resolução, na qual os alunos voltam a trabalhar em grupo e revisam a resolução do problema (passo 4), à luz dos novos conhecimentos. O passo 7 permite corrigir e completar a resolução do problema, sistematizando os novos conhecimentos adquiridos (TOLEDO JÚNIOR, 2008).
*A descrição de todo este item, encontra-se no Prjeto Pedagogico do Curso disponibilizado nesta página.
A avaliação do projeto pedagógico do curso envolve processo contínuo, periódico, democrático e participativo de avaliação e acompanhamento do PPC, envolvendo professores, estudantes e corpo técnico-administrativo, tornando possível a identificação dos seus aspectos positivos (acertos), assim como dos restritivos (dificuldades), que naturalmente ocorrem ao longo da implementação/consolidação dos cursos de graduação. Assim, para sistematizar e debater este processo avaliativo, o curso conta com um colegiado consultivo (Núcleo Docente Estruturante) e diversas estratégias de avaliação externa e interna.
O processo de avaliação do curso é acompanhado pela Direção da EMCM e Coordenação do curso, em estreita relação com o Núcleo Docente Estruturante (NDE).
*A descrição de todo este item, encontra-se no Prjeto Pedagogico do Curso disponibilizado nesta página.
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