Feridas são definidas como a perda da solução de continuidade do tegumento, representadas não apenas pela ruptura da pele e do tecido celular subcutâneo, mas em alguns casos músculos, tendões e ossos. Podem ser classificadas quanto à etiologia, complexidade e tempo de evolução (SMANIOTTO et al, 2012). Classificam-se as feridas em simples, quando o tempo e as fases de cicatrização acontecem de maneira ordenada e de acordo com um tempo previsto para o tipo e extensão da lesão; ou complexas como agudas ou crônicas. As agudas são comumente representadas por lesões que cicatrizam dentro do tempo esperado. São exemplos as traumáticas e as cirúrgicas. Já as feridas crônicas são aquelas de longa duração ou que apresentam reincidência, e, normalmente, estão associadas às morbidades. São exemplos as lesões diabéticas, úlceras vasculogênicas, feridas neoplásicas, dentre outras (SQUIZATTO et al, 2017). O autocuidado é um fator determinante no surgimento, na cronificação e na cura dessas feridas, relacionando-se diretamente às condições sociais, econômicas e culturais do indivíduo, da sua família e da sua comunidade (RESENDE et al, 2017). O indivíduo que convive com uma ferida pode desenvolver problemas no decorrer do tratamento, tanto físicos quanto emocionais. Físicos, pois pode incapacitar para algumas atividades cotidianas; e emocional porque pode afetar psiquicamente a vida do indivíduo, influenciando seu modo de ser e estar no mundo (WAIDMAN et al, 2011). Dessa forma, cabe aos profissionais de saúde conciliar o período de tratamento e cicatrização com a atenção ao paciente como um todo, e abranger os diversos campos que compõem o processo de viver e ser saudável: biológica, social, cultural e subjetiva, pois, as questões intrínsecas à saúde e a doença precisam ser associadas a partir dos contextos socioculturais, de modo a integrar os saberes e as práticas dos enfermos, usadas popularmente, com o conhecimento científico que direciona as práticas e manejos dos profissionais de saúde, (ARAÚJO et al, 2015). Nesse sentido, por ser considerado um processo complexo, dinâmico e que necessita de conhecimento específico, a assistência a pessoas com feridas é um desafio multiprofissional na área da saúde, principalmente referente à equipe de enfermagem que possui um maior envolvimento tanto na prevenção quanto no tratamento específico desses casos (FARIA et al, 2016). O crescimento da dermatologia em enfermagem tem sido tão exponencial nos últimos anos, que a resolução 567/2018 autorizou a abertura de clínicas para o cuidado de pessoas com feridas, a prescrição de medicamentos e coberturas previstas em protocolos, a realização de desbridamento e de terapia de compressão, a participação nos processos de escolhas e compras de materiais adequados para o cuidado de pessoas com feridas, uso de laser e LED, solicitação de exames laboratoriais e raio x de acordo com protocolos, realizar coleta de material biológico da ferida, entre outros cuidados (COFEN, 2018). Porém, apesar de ser um domínio relacionado diretamente à prática profissional da enfermagem, esse cuidado não consegue ser abrangido de maneira detalhada nos cursos de graduação em enfermagem, de modo a necessitar desses profissionais uma busca em torno de cursos de especialização pela alta demanda e exigência no mercado de trabalho. Assim, devido a crescente necessidade de profissionais experientes nessa modalidade nos serviços de saúde, do constante crescimento da sua busca pela população brasileira e das consequências trazidas pelo preparo profissional insuficiente, torna-se necessária a formação de alunos de graduação que possuam experiência e uma percepção ativa, reflexiva e transformadora acerca dos serviços prestados no tratamento de feridas. O projeto, vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Estomaterapia e Dermatologia (NEPEDe), possibilitará uma maior aproximação à assistência de enfermagem às pessoas com ferimentos, fato de extrema relevância sobretudo para os graduandos, ao contribuir, desde a formação, no despertar crítico, clínico e holístico na atenção à saúde do público em questão, além da inserção desses alunos na área da dermatologia. Neste sentido, as ações do projeto ocorrerão em dois ambientes distintos do SUS, na Unidade de Saúde da Família da Guarita e no Hospital Universitário Onofre Lopes, englobando a atenção primária e terciária à saúde. Esta estratégia possibilitará imersão em diferentes ambientes de cuidados de pessoas com feridas, que necessitam de diferentes tipos de cuidados de enfermagem. Assim, permitirá que os discentes entendam a rede que assiste essas pessoas dentro do SUS. É salientada a consonância do projeto com o objetivo Saúde e Bem-estar de desenvolvimento sustentável proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esta proposta visa proporcionar uma vida saudável e promover o bem estar para todos e todas as pessoas envolvidas, reduzir a mortalidade por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento corretos de lesões e cuidados em geral direcionados para o público envolvido e apoiar a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para doenças e condições não transmissíveis que afetam os países em desenvolvimento. O objetivo Redução das desigualdades também está presente neste projeto, uma vez que permitirá maior acesso a orientações de um cuidado especializado, cujo acesso ainda é muito desigual entre as diferentes camadas da sociedade. Esta proposta também contribuirá para o alcance da meta de participação discente em extensão, colocada no Plano de Gestão da UFRN para Pró- Reitoria de Extensão (2019-2023). Quanto ao projeto político pedagógico do curso de enfermagem (campus Natal), esta ação corrobora o mesmo ao contribuir com as vivências extramuros no ambiente do SUS e estar voltado para uma área de grande pertinência social.
Profissionais dos serviços parceiros, docentes e discentes da graduação e pós graduação em enfermagem da UFRN (campus Natal)
Pessoas com feridas e estomias
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