ESTUDO SOBRE A DINÂMICA EVOLUTIVA ENTRE AMOSTRAS PROVENIENTES DE INFECÇÕES EM HUMANOS E EM PRIMATAS NÃO HUMANOS DE Treponema pallidum subsp. pertenue
Recombinação gênica; Bouba; Filogenia molecular; Genoma.
O Treponema pallidum, uma bactéria do filo Spirochaetota, é responsável pelas treponematoses, doenças causadas por diferentes subespécies desta bactéria, cada qual associada a infecções específicas. Este estudo concentra-se no Treponema pallidum subsp. pertenue (TPE), que provoca a bouba em seres humanos, uma enfermidade transmitida principalmente pelo contato direto com lesões cutâneas, afetando majoritariamente crianças e pré-adolescentes. Se não tratada, pode evoluir para graves deformidades nos ossos e nas cartilagens. Durante o século XX, houve avanços notáveis na erradicação e controle dessa subespécie, contudo, nas últimas décadas, tem-se observado um aumento no número de casos registrados. Até pouco tempo, acreditava-se que essa subespécie afetava apenas humanos, mas estudos recentes identificaram que primatas não humanos (NHPs) também têm sido naturalmente infectados pelo TPE. Considerando o impacto crescente desta doença, tanto em humanos quanto em outras espécies, a TPE tornou-se um foco de vigilância e investigação científica. Esse estudo visa esclarecer a relação entre a infecção em humanos e em outras espécies de primatas, contribuindo para um melhor entendimento da dinâmica de transmissão e das possíveis estratégias de controle e prevenção. Para isso, utilizamos as sequências de genoma de 58 TPEs (24 de humanos e 19 de NHPs) disponíveis em repositórios públicos e aplicamos análises filogenéticas e de detecção de regiões recombinantes. As árvores inferidas demonstraram uma rápida expansão da subespécie na origem da árvore e a divisão das amostras em 9 grupos. Não houve grupos que apresentassem amostras de humano e de NHP, indicando que as interações entre os dois grupos de amostras são raros ou inexistentes. As análises de recombinação detectaram apenas uma região em que uma amostra de NHP pode ter recombinado com uma amostra humana. A aplicação do relógio molecular na inferência filogenética indicou uma origem recente de TPE em 1885. O estudo da evolução do traço ainda sugere que o hospedeiro do ancestral comum mais recente de TPE tenha sido os humanos. As análises realizadas neste estudo permitiram aprofundar o conhecimento sobre a propagação da doença e a sua interação entre diferentes espécies.