Novos alvos moleculares para detecção e genotipagem de Toxoplasma gondii
Toxoplasma gondii, marcador, virulência, atípica
Toxoplasma gondii é um parasita mundialmente distribuído capaz de infectar virtualmente qualquer célula nucleada de hospedeiros homeotérmicos. A maioria das infecções em humanos são assintomáticas, porém, a toxoplasmose é importante quando ocorre em imunossuprimidos e em fetos, causando problemas neurológicos e oculares. Devido à grande variabilidade genética desse parasito na América do Sul, é fundamental a análise de sequências para permitir um auxílio ao diagnóstico confiável, além de contribuir com a classificação de genótipos. Visando isso, este estudo teve como objetivo o desenvolvimento de dois métodos moleculares, um para detecção e o outro para genotipagem do T. gondii, possibilitando a identificação de todas as cepas conhecidas e a geração de dados que possam ser correlacionados com virulência. Para isso, foram analisadas cerca de 685 sequências nucleotídicas de genes presentes no T. gondii e foi determinado que o gene GRA7 é um dos genes mais conservados no parasita, dentre XX genes analisados. Os primers foram desenhados em regiões conservadas do gene GRA7 e o protocolo desenvolvido foi comparado com outros descritos na literatura para amplificação do gene B1 e do elemento repetitivo de 529 pb. O sistema de detecção baseado na amplificação de GRA7 se mostrou mais eficiente que os demais sistemas testados, em relação a sensibilidade ou em relação a capacidade de detectar cepas atípicas. Para desenvolvimento do sistema de genotipagem foram selecionados os genes ROP5, ROP18 e GRA7, que estão relacionados a mecanismos de virulência do T. gondii. O sistema desenvolvido se baseia no sequenciamento de fragmentos sob seleção positiva desses genes, o que permite identificar cepas pertencentes as linhagens clonais (I, II e III) e cepas atípicas. Utilizando-se essa nova abordagem para a seleção de marcadores, foi necessário investigar um número de regiões do genoma consideravelmente menor que o utilizado pelo método utilizado tradicionalmente, simplificando o processo. Em conclusão, o desenho de primers em regiões conservadas permitiu o desenvolvimento de um sistema de detecção confiável, principalmente para detecção de cepas atípicas, e a genotipagem baseada na detecção de polimorfismos em genes de virulência permitiu a diferenciação das diferentes cepas, e poderá propiciar estudos de correlação entre genótipo e fenótipo de forma mais simples e sem a necessidade de utilização de um modelo murino.