Caracterização citoarquitetônica do córtex auditivo primário e secundário de Stenella clymene: A quimera acústica do Atlântico
1.neuroanatomia 2. conservação 3. cetáceo 4. golfinho 5. citoarquitetura
Os Odontocetos compõem um grupo de 92 espécies de cetáceos com dentes, com diferentes hábitos e difícil acesso para estudos neuroanatômicos. Uma das espécies sem descrição da citoarquitetura de áreas corticais é o Stenella clymene, endêmico do Atlântico, proveniente do hibridismo de outras duas espécies desse gênero. Portanto, esse estudo tem como objetivo geral mapear e caracterizar a citoarquitetura do córtex auditivo primário (A1) e secundário (A2) de golfinhos da espécie Stenella clymene, além de compará-los com suas ascendências filogenéticas. As amostras foram obtidas de um espécime resgatado vivo, mas que veio a óbito durante a reabilitação. O resgate foi conduzido pelas instituições locais responsáveis. Foram realizadas secções de áreas do encéfalo, a partir da avaliação de descrições fidedignas da literatura para as correspondentes áreas auditivas primária e secundária nas demais espécies de cetáceos. O processamento para o estudo foi realizado com coloração de Nissl (Tionina), para a análise da citoarquitetura cortical, permitindo a caracterização das camadas do córtex, assim como suas espessuras nas diferentes áreas. Os resultados consistiram na descrição de cinco camadas distinguíveis, com características próprias e subdivisões morfofuncionais, além de variações de espessuras e comportamentos ao longo das regiões do córtex referentes às áreas analisadas. Foram observadas distinções entre as áreas A1 e A2 em parâmetros como espessura, arranjo e orientação celular, confirmando a distinção entre áreas primárias e secundárias através da morfologia cortical. Os achados foram comparados com as descrições das demais espécies de cetáceos e notou-se uma diferença significativa no comportamento cortical, com proximidade mais significativa com o Stenella coeruleoalba. Além disso, também foi elaborado um protocolo de coleta de encéfalos de pequenos cetáceos, de modo a contribuir com a padronização do conhecimento científico sobre análises futuras desse sistema. As informações geradas através do estudo podem auxiliar em estudos futuros sobre a função auditiva, promovendo o avanço do conhecimento sobre a neuroanatomia e neurofisiologia desses animais, uma vez que a espécie não possui descrição citoarquitetônica na literatura e diferenciações entre áreas primárias e secundárias de cetáceos são escassas. Além disso, contribui para a mitigação do impacto de atividades humanas no ambiente marinho e, consequentemente, para a conservação das espécies.