ASSOCIAÇÃO ENTRE SUBCLASSES IgG1 e IgG2 anti-Leishmania E INFECÇÃO ASSINTOMÁTICA NA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NO RIO GRANDE DO NORTE
Cães; Leishmaniose Visceral; Subclasses de Imunoglobulinas
No Brasil os cães estão envolvidos no ciclo de transmissão da Leishmania, se constituindo fonte de infecção para o vetor e promovendo a dispersão da doença para áreas não endêmicas. Os mecanismos imunológicos que regulam a susceptibilidade ou resistência à infecção por Leishmania não foram completamente caracterizados. Nos cães a expressão das subclasses de IgG anti-Leishmania tem sido testada como marcador de susceptibilidade ou resistência e conseqüente status clínico de animais infectados. Não há tratamento eficaz para LV canina e vacinas ainda estão em processo de avaliação. Este estudo teve como objetivo avaliar os aspectos clínicos e imunológicos da infecção por Leishmania em cães que residem em áreas endêmicas para leishmaniose visceral em ambientes periurbano e rural no Estado do Rio Grande do Norte. A população examinada foi proveniente de áreas de prevalência da infecção canina e humana no RN, sendo 589 cães de áreas periurbanas do litoral leste, 97 cães de áreas rurais de São Miguel e 146 cães soropositivos do CCZ de Natal. Os animais foram submetidos ao exame clínico e ao diagnóstico sorológico através do teste ELISA utilizando os antígenos rK39 e SLA e as subclases de imunoglobulinas IgG1 e IgG2. Fragmentos de baço dos cães do CCZ de Natal foram cultivados para identificação da espécie de Leishmania. Altos índices de infecção foram encontrados, em área periurbana (SLA:44.5%; rK39:8.2%) e rural (SLA:44.3%; rK39:11.3%). Cães adultos e machos predominaram entre os soropositivos nas 3 populações estudadas. Unha grande, úlceras, alopecia e perda de peso foram os sinais clínicos mais freqüentes, embora percentuais acima de 70% de assintomáticos tenham sido registrados. Títulos maiores da IgG2 em relação à IgG1 foram produzidos nas áreas estudadas. Respostas sorológicas positivas das subclasses IgG1 e IgG2 anti-Leishmania, encontraram-se associadas aos cães sintomáticos, indicando ausência de polarização na produção das subclasses IgG1 e IgG2 quando associadas à condição clínica do animal. Elevadas taxas de soroconversão (periurbana: 20.9%; rural:8.3%) foram encontradas durante estudo longitudinal. Associação entre presença de anticorpos anti-Leishmania e cultura positiva para Leishmania indica a importância do cão com reservatório e que a presença de anticorpo anti Leishmania é um marcador de parasitemia. A espécie L. i. chagasi foi identificada como agente etiológico.