O estilo segundo a Linguística Textual coseriana: uma proposta de conceptualização
Estilo; Linguística coseriana; Texto
Enquanto fenômeno investigado pelos estudos linguístico-discursivos, o estilo tem sido visto sob diferentes perspectivas, dentre as quais destacamos: a perspectiva da língua, que parte da ideia de um sistema expressivo da língua para caracterizá-lo (BALLY, 1951, 1957; RIFFATERRE, 1973; MATTOSO CÂMARA JR., 1972), a perspectiva dos gêneros, que o designa como um dos componentes conceituais de gênero discursivo (BAKHTIN, 2011), a perspectiva semiótica, que o associa à construção do ethos do sujeito da enunciação (DISCINI, 2007, 2015, 2015a) e a perspectiva textual (ADAM, 2002; COUTINHO, 2002; POSSENTI, 2007), a qual é representada por alguns estudos que apontam para a existência de uma relação entre texto e estilo, mas que apresentam investigações ainda pouco desenvolvidas sobre o tema, restringido–se a tratar da noção de estilo, sem conceptualizá-lo. Este trabalho, de natureza essencialmente teórica, tem como objetivo ampliar essa discussão teórica, trazendo à luz uma outra concepção de estilo que se encontra situada em uma abordagem específica dos estudos linguísticos do texto: a linguística textual coseriana. Nossas reflexões são amparadas na separação que Coseriu (2007) estabelece entre os níveis de linguagem, a saber: 1) O nível universal, 2) O nível histórico 3) O nível individual. Segundo o autor, a linguística do texto está inserida no nível individual da linguagem, toma cada texto como evento único e se ocupa da investigação da hermenêutica do sentido, o qual é objetivado através de procedimentos textuais. Com base nesses postulados coserianos, fundamentamos a nossa proposição de que o estilo: fenômeno situado no nível individual da linguagem, que pode ser conceptualizado como o conjunto de procedimentos que objetivam o sentido do texto. Consideramos, portanto, que este quadro epistemológico constitui uma aplicação conceitual possível, através da qual pretendemos contribuir tanto para o avanço dos debates sobre estilo, como para o desenvolvimento da linguística do texto postulada por Eugênio Coseriu.