A responsividade da charge no cenário político de 2016
Charge. Relações dialógicas. Responsividade. Discurso. Enunciado concreto. Impeachment de Dilma Rousseff.
A charge é um gênero discursivo utilizado em grande escala por veículos de notícia e, atualmente, difundido também em inúmeros outros meios de comunicação. Esse gênero discursivo permite uma maior visibilidade da opinião do autor, isto é, esse "autor falante" produz o conteúdo-temático carregando-o com a sua ideologia. A produção desses enunciados concretos (charges) é voltada para um ouvinte/leitor que também é histórico e também está situado em um ambiente social, fazendo com que esse direcionamento seja o principal objetivo da elaboração das charges, isto é, fazendo com que as charges sejam responsivas ao leitor, à situação, aos fatos. Para essa pesquisa, tomamos como referencial teórico concepções advindas do Círculo de Bakhtin no que concerne à relações dialógicas, à carnavalização, à heterodiscursividade, a Cronotopo e à exotopia. Também subsidia nossa investigação reflexões feitas por Brait, Moita Lopes, Faraco e Casado Alves. Para compreender o riso chargístico, apoiamos nossas reflexões em Bergson, Propp e Ramos. Dada a especificidade do gênero discursivo charge, buscamos ancorar nossas incursões no trabalho de Ivan Cabral, Jaguar e McCloud. O corpus desta pesquisa são as charges produzidas pelo chargista potiguar Ivan Cabral durante o período do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff que ocorreu entre 02 de dezembro de 2015 e 12 de maio de 2016. A pesquisa se insere na área da Linguística Aplicada mestiça, fronteiriça e indisciplinar cujo objetivo é construir intelegibilidade sobre as práticas discursivas, considerando, para tanto, os sujeitos, as esferas de atividade e a historicidade das interações humanas. A investigação analisa os dados construídos a partir da vertente qualitativo-interpretativista e o método indiciário de Ginsburg que se volta para os indícios, os sinais que denunciam sentidos e posicionamentos.