Associacao conjunta entre atividade fisica e tempo de tela com transtorno mental comum em adolescentes brasileiros
Transtornos mentais, adolescentes, atividade física, comportamento sedentário, associação conjunta.
Introdução: A prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) têm aumentado entre os jovens, afetando significativamente a saúde. A prática de atividade física está associada à redução de TMC, enquanto o aumento do tempo de tela parece piorar os sintomas. Todavia, o entendimento das relações conjuntas desses comportamentos e sua associação com TMC ainda são pouco exploradas.
Objetivo: Analisar as associações de forma independente, conjunta e estratificada entre atividade física, tempo de tela e a ocorrência de TMC em adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos.
Métodos: Dados do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA), realizado entre 2013 e 2014, foram usados. A amostra incluiu adolescentes de escolas públicas e privadas de municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. A atividade física (0 min/dia, 1-59 min/dia, 60-119 min/dia e ≥ 120 min/dia) foi avaliada por um questionário validado enquanto o tempo de tela (< 2h/dia, 3-5h/dia e ≥ 6h/dia) foi quantificado com base em horas diárias de uso de computador, TV e videogames. A ocorrência de TMC foi medida pelo General Health Questionnaire (GHQ-12). Modelos de regressão de Poisson estratificados por sexo foram utilizados para investigar as associações.
Resultados: Foram analisados dados de 65.048 adolescentes, com idade média de 14,7 anos. A prevalência de TMC foi de 16,9% (IC95%: 16,2-17,6), maior entre as meninas. O tempo de tela excessivo (≥ 6h/dia) esteve associado ao TMC em meninas (RP: 1,61; IC95%: 1,44-1,80) e meninos (RP: 1,40; IC95%: 1,15-1,72). A associação entre atividade física e TMC foi em "U", com maior proteção na categoria de 1-59 min/sem entre meninas e 60-119 min/sem para meninos. Quando combinados, não realizar atividade física e excesso de tempo de tela aumentaram em 46% (meninas) e 72% (meninos) a prevalência de TMC. Não houve atenuação na relação entre tempo de tela e TMC, mesmo com diferentes níveis de atividade física.
Conclusão: Este estudo apresenta novas evidências acerca de associações dose-dependentes e conjuntas entre atividade física, tempo de tela e TMC em adolescentes brasileiros. Os resultados podem sugerir que intervenções de promoção de atividade física e restrição de tempo de tela para melhoria da saúde mental dos adolescentes.