Padrões de diversidade de Entomobryomorpha (Collembola: Hexapoda) epiedáficos em um gradiente vegetacional da Mata Atlântica
Artrópodes; Biodiversidade; Colêmbolos; Fauna de solo; Flutuação populacional.
Colêmbolos são microartrópodes tidos como um grupo basal de Hexapoda, e são um dos táxons terrestres mais populosos do planeta. Estes organismos estão intimamente relacionados ao ambiente edáfico, e se alimentam da matéria orgânica, fazendo parte da cadeia de ciclagem de nutrientes do solo. Por serem muito sensíveis a alterações ambientais também são considerados eficientes bioindicadores. A região Nordeste do Brasil abriga remanescentes urbanos de Mata Atlântica com elevado potencial de diversidade biológica de solo, porém essas áreas sofrem uma grande influência antrópica, e o reconhecimento da diversidade e dinâmicas ecológicas que abrigam é fundamental para seu o manejo e manutenção. Desta forma, este trabalho buscou inventariar a fauna de colêmbolos Entomobryomorpha epiedáficos do Parque Estadual Dunas do Natal nos períodos chuvoso e seco ao longo de um gradiente vegetacional com o emprego de armadilhas de queda (pitfall traps), visando analisar a flutuação populacional das espécies entre as estações estudadas e suas preferências de microhabitat. Para tanto, além da coleta dos espécimes, foram aferidos parâmetros ambientais como fitofisionomia, temperatura e umidade relativa do ar, pH do solo, altura do folhiço e cobertura do dossel. Foram coletados um total de 2.335 espécimes de colêmbolos Entomobryomorpha distribuídos em duas famílias, seis subfamílias, nove gêneros e 19 espécies/morfoespécies nos dois períodos de coleta, onde pode-se observar uma clara predominância da família Entomobryidae. A subfamília Lepidocyrtinae destacou-se pela abundância nos períodos chuvosos, especialmente Lepidocyrtus sp. 1, enquanto L. pseudoannulata mostrou maior tolerância a condições mais secas. As análises demonstraram que a diversidade α e a riqueza de espécies foram significativamente maiores no período chuvoso, confirmando a influência de fatores climáticos, como umidade e temperatura, na ecologia desses organismos. A Floresta Alta apresentou maior diversidade e abundância de espécies durante o período seco, reforçando o papel do dossel mais denso e da maior retenção de umidade como fatores favoráveis à manutenção das comunidades. Já a Floresta Baixa, com vegetação menos estratificada e maior exposição solar, registrou menor diversidade, sobretudo no período seco. Os resultados suportam hipóteses ecológicas previamente descritas, destacando a influência de fatores ambientais, como disponibilidade de umidade e heterogeneidade estrutural, na dinâmica sazonal e na distribuição dos colêmbolos epiedáficos. A predominância de espécies indicadoras em determinadas fitofisionomias reforça a relevância dessas áreas para a conservação e manejo sustentável. Este estudo contribui para o entendimento da ecologia da fauna edáfica em áreas urbanas de Mata Atlântica, fornecendo informações fundamentais para estratégias de conservação e monitoramento ambiental.