FUNGOS MICORRIZICOS ARBUSCULARES EM SERAPILHEIRA DE MATA ATLANTICA: COLONIZACAO, RIQUEZA E FATORES QUE AFETAM SUA DINAMICA
câmara úmida, floresta tropical, LSU rDNA, FULF/FULR, folhas mortas
Os Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA) vivem em associação simbiótica obrigatória com a maioria das raízes de plantas terrestres, promovendo principalmente o crescimento vegetal. Contudo, estudos têm mostrado a ocorrência desses fungos em folhas da serapilheira. Por ser um tópico pouco estudado, limitada informação é encontrada sobre, por exemplo, quais espécies de FMA colonizam a serapilheira, quais fatores bióticos e/ou abióticos influenciam essa colonização e se é considerado um fenômeno global ou restrito. Para responder a essas questões, este trabalho buscou (i) registrar a ocorrência, (ii) identificar as espécies de FMA colonizando a serapilheira, bem como (iii) investigar se fatores como a qualidade da serapilheira, estágio de decomposição e propriedades do solo influenciam a colonização de FMA em três áreas de Mata Atlântica, Rio Grande do Norte. Para isso, foram utilizados litter bags para coleta da serapilheira das espécies vegetais Hymenaea courbaril, Mimosa caesalpiniifolia, Paubrasilia echinata e Ziziphus joazeiro. Em laboratório, as amostras passaram pela técnica da câmara úmida, clarificação, e extração de DNA. No primeiro capítulo mostrou-se que apenas 39 estudos documentam FMA na serapilheira com 60 espécies distribuídas em 5 ordens, 7 famílias e 14 gêneros, sendo apenas 34 espécies provenientes de estudos que coletaram exclusivamente a serapilheira para análise. O segundo capítulo mostra uma abordagem incomum para recuperar FMA da serapilheira, enquanto o terceiro capítulo mostrou que Z.joazeiro e P. echinata apresentam os maiores percentuais de colonização por FMA, enquanto H. coubaril da RPPN Mata Estrela e Flona NF, e M. caesalpiniifolia apresentam os menores percentuais. Sequências de DNA ambientais obtidas a partir da serapilheira corresponderam a quatro espécies: Diversispora varaderana, Funneliformis caledonium, F. geosporum e Rhizoglomus irregulare, enquanto Glomus spinuliferum foi identificada através de observação microscópica. Funneliformisgeosporum e R. irregulare ocorreram em mais de uma espécie vegetal, enquanto D. varaderana e F. caledonium ocorreram apenas em M. caesalpiniifolia e H. courbaril, respectivamente. Além disso, a qualidade da serapilheira, o estágio de decomposição e propriedades do solo influenciam a colonização da serapilheira por FMA. Os dados revelam que a serapilheira é um substrato rico para estudar FMA, mas negligenciado nas amostragens. Os FMA juntamente com a serapilheira ainda possuem um potencial subexplorado para restauração de áreas degradadas. Além disso, tais espécies de FMA são, pela primeira vez, registradas colonizando a serapilheira. Os resultados obtidos neste trabalho são importantes por destacar uma condição pouco explorada para o grupo, podendo ser uma fonte para novas descrições e registros de espécies pouco documentadas em solos brasileiros.