Banca de QUALIFICAÇÃO: MATEUS GERMANO SOUZA LIRA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MATEUS GERMANO SOUZA LIRA
DATA : 20/12/2018
HORA: 09:00
LOCAL: Anfiteatro das Aves do Centro de Biociências
TÍTULO:

Os peixes-anfíbios do complexo Kryptolebias marmoratus (Cyprinodontiformes: Cynolebiidae) nos manguezais neotropicais: história natural, distribuição geográfica e ecologia evolutiva


PALAVRAS-CHAVES:

Kryptolebias hermaphroditus, hermafroditismo, conservação, micro-habitat, filogeografia, ictiologia.


PÁGINAS: 48
RESUMO:

A família Cynolebiidae, pertencente a ordem Cyprinodontiformes, anteriormente conhecida como Rivulidae, é mais conhecida pelos peculiares peixes-anuais, que compõe um grupo diversificado de pequenos peixes que vivem em ambientes aquáticos temporários ou perenes rasos. Com cerca de 350 espécies válidas e ampla distribuição geográfica em diversos microhabitats continentais, geralmente habitando córregos e pântanos rasos de água doce, com poucas espécies encontradas em águas salobras. Dentre as linhagens não-anuais está um grupo monofilético do gênero Kryptolebias, composta por sete espécies, ocorrendo da Flórida nos Estados Unidos ao sul do Brasil. Dentro do gênero, destacamos o grupo de espécies K. marmoratus (K. hermaphroditus, K. marmoratus e K. ocellatus) exclusivas de regiões estuarinas. Essas linhagens apresentam uma confusa taxonomia, com diagnose e distribuição geográfica incerta, devido à incompatibilidade de informações morfológicas e moleculares. Em 2016 um estudo com dados morfológicos sugeriu que duas espécies-irmãs, K. marmoratus (conhecida dos EUA e Caribe) e K. hermaphroditus, os únicos vertebrados auto-fecundantes conhecidos, ocorreriam no nordeste e sudeste do Brasil, respectivamente. Além de pequenas diferenças morfológicas, algumas diferenças ecológicas foram apontadas, 

relacionadas com a distância do mar e diferenças de micro-habitat entre as espécies, assim como lacunas geográficas (Bahia e Sergipe) entre a distribuição geográfica das mesmas. No ano seguinte um amplo estudo molecular indicou que o complexo é formado por três linhagens distintas, com a ocorrência apenas de K. hermaphroditus no Brasil, conhecida somente no sudeste do Brasil até 2010. Portanto, uma ampla amostragem ao longo dos manguezais da costa brasileira foi feita nos últimos anos para levantar dados moleculares, morfológicos e ecológicos, para integrativamente determinar quais espécies ocorrem na costa brasileira e sua distribuição geográfica, assim como dados ecológicos originais da linhagem do Brasil. Foram amostradas localidades registradas em artigos e banco de dados online, incluindo as localidades tipo, assim como novos registros, incluindo algumas áreas protegidas. Todas as coletas foram feitas de forma ativa, com peneiras de mão, além de coletas com esforço padronizado em parcelas delimitadas, aferições de dados ambientais e fauna acompanhante, para fornecer informações ecológicas. Com os dados obtidos até o momento, as áreas de ocorrência das espécies do complexo K. marmoratus para o Brasil foram ampliadas. O limite de de K. hermaphroditus foi expandido em cerca de 300 km ao sul, na ESEC Jureia-Itatins, São Paulo, e de aproximadamente 1.590 km para o norte, na bacia do rio Marajó, no Pará. Novos registros foram feitos além do Pará, no Piauí, Ceará, Sergipe, Bahia, Sergipe, abrangendo assim a suposta lacuna no nordeste do Brasil, descartando a hipótese de que a ausência de registros indicava a existência de uma barreira entre K. marmoratus no nordeste e K. hermaphroditus do sudeste. Para as populações do Sudeste, novas populações simpátricas de K. ocellatus e K. hermaphroditus foram registradas no Rio de Janeiro. As populações de K. hermaphroditus que apresentava indivíduos com fenótipo masculino, só foram registrados em localidades do Sudeste que apresentavam dados abióticos extremos, o que levanta a hipótese de a perda da integridade ambiental possa ativar gatilhos no desenvolvimento que resultem em machos primários. No Rio Grande do Norte, um único macho secundário foi coletado em 2015, dentro de um período de mais de seis anos de visitas ao manguezal. As supostas lacunas de ocorrência nos manguezais do Brasil mostram que de fato a espécie apresenta ampla distribuição geográfica, mas ocupa um microhabiat especifico, composto de poças rasas, difíceis de serem acessadas e geralmente negligenciadas por ictiólogos, corroborando a falta de inventários nas áreas intertidais nos manguezais. Embora esses peixes hermafroditas anfíbios sejam conhecidos desde o século XIX no Brasil, esses são os primeiros dados ecológicos padronizados de K. hermaphroditus, uma espécie que por suas peculiaridades reprodutivas e fisiológicas apresenta elevado potencial para estudos experimentais e ambientais. Os dados moleculares e ecológicos em análise servirão para esclarecer a incerteza taxonômica e a distribuição geográfica das espécies do grupo K. marmoratus, contribuindo para a conservação destas espécies.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1865104 - SERGIO MAIA QUEIROZ LIMA
Interno - 1545394 - FULVIO AURELIO DE MORAIS FREIRE
Externo à Instituição - ALEXANDER CESAR FERREIRA ROMAN - UFC

Notícia cadastrada em: 11/12/2018 08:37
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