CARACTERIZAÇÃO TEMPORAL E ESPACIAL DAS SECAS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO E SEUS IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS
SPEI. Balanço hídrico. Evapotranspiração. SDI. VCI. Vulnerabilidade. Extremos climáticos.
Inserida parcialmente na região do Semiárido brasileiro, a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (BHSF) é uma das principais do Brasil, tendo importância estratégica para o setor elétrico, agricultura e para as políticas de integração do território nacional. A seca é um fenômeno recorrente no Semiárido brasileiro, mas as projeções dos cenários de mudanças climáticas indicam para a intensificação desses eventos na região da BHSF, o que pode potencializar os seus impactos na população que depende dos seus recursos. O objetivo desse trabalho é, portanto, analisar de forma inédita os padrões espaciais e temporais da ocorrência da seca na BHSF, avaliando de forma integrada suas características climáticas (Estudo 1), pedológicas (Estudo 2), hidrológicas (Estudo 3) e socioeconômicas (Estudo 4). Para isso, diferentes índices de seca serão calculados e comparados a partir de dados: meteorológicos (precipitação, temperatura, evapotranspiração potencial – ETP), de sensoriamento remoto (evapotranspiração real e índices de vegetação), hidrológicos (vazão e nível de reservatórios), além de indicadores socioeconômicos. O Estudo 1 mostrou que os dados de precipitação e ETP do produto CRU TS v4.02 apresentam boa correlação com dados observados na BHSF (r = 0,87 e r = 0,89, respectivamente). Para determinação da seca meteorológica o Standardized Precipitation-Evapotranspiration Index foi comparado com elementos do balanço hídrico simplificado de Thornthwaite e Mather. Ambos os índices apresentaram resultados similares considerando dados acumulados em 12 meses. Para o monitoramento mensal, no entanto, o DE mostrou-se mais atrativo por não ser afetado pela distribuição assimétrica de dados de precipitação nos meses secos, mantendo também um sentido físico na sua classificação. Os resultados mostraram que os períodos deficitários vêm sendo mais frequentes e intensos, atingindo áreas maiores na região do Médio e do Baixo São Francisco. Os meses com excedente hídrico nessas regiões também se tornaram menos frequentes. No Alto São Francisco há indícios de que períodos deficitários estejam aumentando de frequência, embora o período chuvoso ainda seja de importantes excedentes hídricos. Os resultados encontrados no Estudo 1 serão complementados e discutidos de forma integrada uma vez que os demais estudos sejam desenvolvidos.