Investigação da dinâmica longitudinal da vocalização de saguis (Callithrix jacchus)
comunicação vocal; sagui-comum; estudo de campo; dialeto.
Atualmente, existem cerca de 7.000 línguas faladas em todo o mundo, muitas das quais são tão distintas que tornam inviável a comunicação eficiente entre diferentes grupos. A migração massiva de indivíduos, a ocupação de nichos ecológicos variados, o isolamento geográfico entre comunidades, a plasticidade vocal e a prosocialidade são considerados fatores fundamentais para a diversidade linguística na humanidade. Caso esta hipótese esteja correta, poderíamos esperar que outras espécies exibindo características semelhantes também apresentassem uma diversidade na estrutura de comunicação, isto é, possuíssem dialetos. Os saguis (Callithrix jacchus) têm explorado diferentes nichos ecológicos, demonstram plasticidade vocal e estão entre as poucas espécies de primatas reconhecidas por sua pró-sociabilidade. Neste projeto, investigamos possíveis diferenças vocais entre dois grupos selvagens de saguis (Callithrix jacchus), denominados Água e Bosque, que são animais de vida livre na Floresta Nacional de Açú e não interagem entre si. Utilizamos métodos de gravação acústica passiva, com gravadores fixados nas árvores de repouso e dormida, minimizando a interação direta com os animais e permitindo a captura de vocalizações ao longo de um ano. Nossos dados revelam que a temperatura influencia a duração das vocalizações dos grupos ao longo do ano, das estações e do dia, de modo que, em temperaturas mais elevadas, os animais diminuem a duração das vocalizações, adotando possivelmente uma estratégia de conservação de energia. Contudo, ao comparar a duração das vocalizações entre os grupos, não há diferença estatisticamente significativa ao longo do ano, nem entre as estações seca e chuvosa. Assim, pode-se concluir que os dois grupos de saguis (Callithrix jacchus) apresentam semelhanças vocais, resultando em vocalizações com durações similares ao longo do ano.