Seleção sexual e evolução do capítulo floral na família Asteraceae
Competição entre machos; masculinização; capítulo floral; heterogamia; alocação sexual; insetos herbívoros;
A seleção sexual beneficia características que aumentem o sucesso reprodutivo e muitas vezes determina a alocação diferencial de recursos entre os componentes sexuais masculinos e femininos. Nas plantas, a competição entre machos leva ao aumento no investimento na função masculina, podendo resultar até no desinvestimento na função feminina. A família Asteraceae possui inflorescências especializadas, os capítulos florais. Nessas estruturas, pequenas flores estão condensadas juntas compartilhando o mesmo receptáculo. O número de flores presentes no capítulo floral pode variar amplamente entre as espécies. Adicionalmente, alguns grupos evoluíram capítulos com dimorfismo morfológico e funcional entre as flores, o que pode resultar em papeis sexuais distintos. Nesta tese, nosso objetivo foi entender a história e o significado evolutivo da variação no número de flores por capítulo, bem como estimar sua importância na determinação da arquitetura e masculinização da inflorescência. A tese está dividida em três capítulos. No primeiro, nós reconstruímos os estados ancestrais do número de flores e da arquitetura dos capítulos ao longo de uma filogenia calibrada. Nós encontramos forte evidência de que o ancestral comum a toda família possuiu inflorescência homógama e com poucas flores (~ 12). A heterogamia evoluiu várias vezes independentemente, embora um número maior de reversões para a condições homógama tenha sido observado na filogenia. O número de flores por capítulo é uma característica extremamente plástica e pouco conservada. Capítulos com mais flores têm maior probabilidade de ser heterógamo. No segundo capítulo, nós encontramos que capítulos com maior número de flores investem mais na função masculina, ao aumentar a produção de pólen por capítulo. Não encontramos evidência de desinvestimento na produção de óvulos em capítulos mais florados. Portanto, podemos concluir que na família Asteraceae, capítulos com mais flores não são meramente cópias mais numerosas que aqueles com menos flores. Por fim, no terceiro capítulo nós testaremos a influência da pressão de herbivoria na masculinização do capítulo floral. Nós encontramos que espécies sob uma maior pressão de herbivoria tendem a possuir capítulos com mais flores, e com um maior número de flores do raio, o que indica investimento em fecundação cruzada.