Insetos herbívoros e taxa de fecundação cruzada em espermatófitas
Sistemas reprodutivos ;rainha vermelha;herbivoria;inimigos naturais;modelos evolutivos
A evolução dos sistemas reprodutivos das plantas, como a autofecundação e a fecundação cruzada, é uma das questões mais intrigantes na biologia vegetal, uma vez que tais sistemas podem sofrer influência de vários fatores ecológicos. A hipótese da Rainha Vermelha sugere que as interações bióticas do tipo parasita-hospedeiro é o principal fator que leva à evolução e persistência da reprodução sexuada na natureza. Portanto, à luz desta hipótese, é esperado que espécies sob maior pressão de parasitas apresentem maior investimento em reprodução sexuada, que em plantas podemos mensurar pela taxa de fecundação cruzada. Embora já exista suporte para a Rainha Vermelha em vários grupos de animais, esta hipótese permanece sub explorada no reino vegetal, especialmente considerando-se estudos em macroescala. Nosso objetivo foi testar se a riqueza de herbívoros é uma boa preditora da taxa de fecundação cruzada em espermatófitas. Para isto, nós realizamos regressões filogenéticas utilizando dois bancos de dados independentes para estas duas variáveis, incluindo também algumas covariáveis vegetativas: longevidade, forma de crescimento, área foliar específica e altura máxima. As regressões foram executadas sob dois modelos evolutivos alternativos: Movimento Browniano e Ornstein-Uhlenbeck. Nós encontramos, em ambos os modelos, que espécies que possuem uma maior riqueza insetos de herbívoros possuem maiores taxas de fecundação cruzada. Na mesma tendência, encontramos que plantas mais longevas tendem a maiores taxa de reprodução sexuada que as efêmeras. Estes resultados estão de acordo com o esperado pela hipótese da Rainha Vermelha, suportando o ainda escarço arcabouço empírico de estudos em macroescala sobre o efeito de inimigos naturais na evolução dos sistemas reprodutivos em espermatófitas.