A CONSTRUÇÃO DA PONTE METÁLICA SOBRE O RIO POTENGI, NATAL/RN, BRASIL (1912-1916) – ESTUDO DE CASO
Construção; processo construtivo; ponte metálica; blocos de fundação
A construção da ponte em treliça metálica sobre o rio Potengi em Natal, Estado do Rio Grande do Norte, entre os anos de 1912 e 1916, foi uma realização de obra além da engenharia brasileira da época. Quando o engenheiro João Proença recebe da então República Velha brasileira um contrato em nome de sua Companhia de Viação e Construções SA para empreender a Ponte sobre o Potengy, conforme o jornal O Paiz relatava na época, percebe-se a enorme tarefa a ser desenvolvida e contrata-se uma renomada empresa inglesa. Essa empresa inglesa nasceu na região berço das primeiras ferrovias, o Condado de Durham, mais precisamente na cidade de Darlington. A solução naqueles anos eram fundações em cilindros de concreto armado a ar comprimido e vãos em treliças metálicas. A construtora chamava-se Cleveland Bridge Engineering Company Co, e a ponte metálica era o símbolo da segunda revolução industrial. Exatamente nesses anos o engenheiro chefe e projetista da Cleveland Bridge era um francês chamado Georges-Camille Imbault, então responsável pelo projeto da ponte. O processo de tubulões a ar comprimido tinha acabado de ser desenvolvido pela construtora, e foi o método escolhido para as fundações em Natal. Segundo o projeto do engenheiro Imbault, suas bases deveriam ser apoiadas sobre o cascalho encontrado no leito do rio Potengi. Dentre diversos detalhes do processo construtivo da Ponte do Rio Potengi, foi constatada uma real dificuldade na implantação dos tubulões, na época conhecidos como cilindros de ar comprimidos, e também problemas estruturais durante a execução. No ano de 1914, a ponte foi concluída, sendo inaugurada somente em 1916. O presente trabalho tem como objetivo analisar historicamente a tecnicamente a Ponte sobre o Rio Potengi, ressaltando, primordialmente, o processo construtivo, as qualidades e características dos materiais utilizados e as propriedades tecnológicas, químicas, mineralógicas e microestruturais do cimento e do concreto empregados em sua construção. Os estudos mostraram, mineralogicamente, a presença da fase katoita, mineral predominante nos cimentos centenários e em termos de estrutura, os agregados graúdos utilizados na produção do concreto, que apresentaram granulometria graduada e composição mineralógica diferenciada. Constatou-se, através de todas as análises realizadas, que a pozzolanicidade do cimento foi o grande fator potencializador para a durabilidade das estruturas de concreto da ponte.