Efeitos da incorporação de areia reciclada de resíduos de construção e demolição (RCD) em argamassas mistas de revestimento.
Resíduos de construção e demolição, agregado reciclado, argamassas de revestimento, composição granulométrica.
O processo de construção, reforma e demolição, pode ocasionar significativos problemas ao meio ambiente, devido a extração de matérias primas e a destinação inadequada dos resíduos gerados. Em especial os resíduos de construção e demolição (RCD) que, comumente correspondem a mais da metade dos resíduos sólidos urbanos, tem como principais destinos, terrenos baldios, margens de estradas e rios, acarretando sérios impactos ambientais, sociais e econômicos. Atualmente, a reciclagem de agregados miúdos reciclados (AR), especialmente de composição mista, é estudada em menor grau, quando comparado aos AR de concreto. Com isso, por não possuir alternativas para sua utilização, uma grande quantidade desse tipo de AR é armazenada pelas usinas. Nesse sentido, buscou-se analisar a viabilidade técnica e econômica da utilização de AR com diferentes composições granulométricas e em condição lavada, à níveis de substituição de 25, 50, 75 e 100% do agregado natural (AN), na produção de argamassas mistas de revestimento. Para a produção das argamassas, utilizou-se cimento CP II Z-32, cal CH-I e uma proporção em volume de 1:1:6, cujo teor de água foi determinado para as misturas alcançarem uma consistência de 260 mm. Inicialmente, analisou-se as propriedades físicas, químicas e microestruturais dos agregados e da fração de finos (<0,15 mm). Buscando avaliar a viabilidade técnica das argamassas foram realizados ensaios no estado fresco, no qual contemplou-se o consumo de água, retenção de água, densidade de massa e teor de ar incorporado; e no estado endurecido, a resistência à compressão, resistência à tração na flexão, módulo de elasticidade dinâmico, absorção por capilaridade, absorção por imersão, resistência de aderência e fissuração. Foi utilizado o custo para produzir 1 m³ de argamassa visando avaliar a viabilidade técnica. Constatou-se, que as argamassas com AR, independentemente de sua composição granulométrica ou condição, apresentaram maior consumo de água, menor densidade de massa e teor de ar incorporado, assim como adequada capacidade de retenção de água. No estado endurecido, as argamassas que possuíam AR com a presença de finos e não lavado, foram mais resistentes, mais rígidas e menos permeáveis. No entanto, o desempenho dos revestimentos frente ao potencial de aderência ao substrato e a quantidade de fissuras, foi inferior, confirmando a premissa de que a utilização de AR com finos não é indicada para a produção de argamassas de revestimento. Quanto a viabilidade técnica, ao incorporar AR, o custo para produzir 1 m³ de argamassa diminui. Como conclusão, admite-se que é viável a utilização de AR para a produção de argamassas de revestimento, especialmente quando se dispõe de agregados com adequada composição granulométrica e isentos de finos.