" A Produção do Flagelo": a re-produção do espaço social da seca na cidade de Mossoró (1877-1903-1915).
Seca, espaço social, modernidade e Mossoró
As grandes secas (re) produziram espaços na cidade de Mossoró/RN do final do século XIX ao início do XX. Sua dimensão ultrapassa os efeitos climáticos tornando-se lócus social quando avança sobre os setores políticos e econômicos, sociais e culturais das sociedades do Norte/Nordeste do Brasil naquele período. Desse modo, analisar a (re) produção do espaço social nos episódios de secas em Mossoró nesse momento da modernidade será nossa labuta. Assim procuramos desnudar cada segmento, percurso e aspecto da produção espacial na sua dimensão e interface entre o percebido, concebido e vivido, e os sujeitos a ela relacionados – retirantes, população e setores da elite – durante as secas de 1877, 1903 e 1915 no espaço citadino mossoroense. Logo, questões como: a constituição e representação da cidade e espaço social na experiência da seca de 1877-80, a produção dos objetos fixos e fluxos do tecido urbano através do labor retirante, as tentativas de controle, disciplina e ordenamento espacial e as formas de resistências a essas imposições na esfera cotidiana, o caráter utópico e contraditório desse espaço nesse momento da modernidade são questões fundamentais tratadas nesse trabalho. Para isso usamos fontes diversas como atas da câmara municipal, relatórios dos presidentes de província, imprensa, livros de memória, projetos de estradas de ferro entre outras que nos ampara na construção de nossa narrativa e problemática. Deste modo, a produção espacial da seca em Mossoró revela-se no campo das relações e transformações político-econômicas e socioculturais, e indissociavelmente, conforma e mobiliza o próprio espaço social.