Interditadas e inauditas: escritas de mulheres na imprensa norte-riograndense (1914-1934)
escrita feminina, literatura, imprensa, emancipação feminina.
O objetivo deste estudo é analisar as escritas de mulheres potiguares na imprensa do RioGrande do Norte, entre os anos de 1914 a 1934. Definimos escrita feminina (écritureféminine) como sendo não simplesmente as falas de mulheres, mas escritos que forammarginalizados, dissidentes, transgressores. Durante o fim do século XIX e nasprimeiras décadas do século XX, o movimento intelectual norte-rio-grandense seintensificou, principalmente por causa da emergência de jornais e de revistas queveicularam literatura em suas páginas. Mais do que os livros, foi a imprensa periódica oprimeiro veículo da produção literária feminina, mulheres letradas que escreviampoesias, charadas, ensaios, artigos, crítica literária, entre outros gêneros da literatura.Nos jornais e nas revistas, as escritoras norte-rio-grandense publicizaram, por meio desuas escritas, questões referentes às mulheres, chamadas de assuntos sobre aemancipação feminina, isto é, temas que abordavam a educação feminina, aprofissionalização feminina e o sufrágio feminino. Situando nosso trabalho no campo dahistória social e cultural das mulheres, trabalhamos com uma variedade de fontes:jornais, revistas, memórias e obras literárias produzidas por elas. Questionamo-nossobre quem eram essas escritoras potiguares, como o gênero atravessou a sua prática daescrita no Rio Grande do Norte, sobre as articulações construídas por essas mulheresentre si e com outros segmentos sociais de suas épocas, sobre as suas relações com osespaços públicos das cidades, em suma, sobre os mecanismos de uma inserçãotransgressora no campo intelectual norte-rio-grandense.