LUGARES DE VIDA, A VIDA NOS ESPAÇOS: OSWALDO LAMARTINE DE FARIA E A PERSPECTIVA DA EXPERIÊNCIA (1940-1970)
Palavras-chave: Oswaldo Lamartine de Faria. Lugar. Experiência. Rio Grande do Norte
LUGARES DE VIDA, A VIDA NOS ESPAÇOS: OSWALDO LAMARTINE DE FARIA E A PERSPECTIVA DA EXPERIÊNCIA (1940-1970)
RESUMO
O escritor Norte-Rio-Grandense Oswaldo Lamartine de Faria tem sido reconhecido, tanto entre seus pares quanto dentro da academia como um sujeito cuja a vida e a produção intelectual foram dedicadas ao Seridó. Nesta pesquisa, além de discutir a origem e a importância desta ligação investigamos outras relações espaciais e suas respectivas relevâncias na trajetória de vida do autor e para a sua carreira intelectual. Entre esses outros espaços destacamos as cidades Natal e Rio de Janeiro e as propriedades rurais Lagoa Nova e Acauã. Nossas fontes foram os livros Encouramento e Arreios do Vaqueiro do Seridó (1969); Sertões do Seridó (1980); Ferro de Ribeiras do Rio Grande do Norte (1984); Notas de Carregação (2001) todos de autoria de Lamartine, e os livros organizados por Natércia Campos, Em Alpendres d’ Acauã: Uma conversa com Oswaldo Lamartine (2001) e De Cascudo para Oswaldo (2005), além de quatro fragmentos de cartas do ano de 1994. Os conceitos ‘experiência’ e ‘topofilia’, conforme Yi –Fu Tuan foram utilizados para entender a ligação entre o autor e os diversos espaços analisados, assim como as várias abordagens do conceito de ‘paisagem’ de Gaston Bachelard, Yi- Fu Tuan e Simon Schama. Estas, nos possibilitaram colocar a hipótese de que essas diversas experiências espaciais de Lamartine impactaram direta e indiretamente a descrição das paisagens e espaços nos livros de Lamartine. Este estudo foi conduzido baseando-se na metodologia da análise do discurso de Michel Pecheux e Eni – Orlandi, e seus postulados são utilizados para pensar aspectos como o contexto imediato e amplo de Lamartine, a construção de um discurso sobre o homem e sua relação com os espaços. Como resultado dessa investigação compreendemos que foi por meio da experimentação da figura política e o contato como legado de seu pai, Juvenal Lamartine e de todos os eventos trágicos que cercaram a sua família que Oswaldo Lamartine começa a criar uma grande afeição pelo Seridó por ser sua terra de origem e, é neste ponto que se fincam as raízes de uma identidade e espacialidade seridoense. Além disso notamos que de fato existem experiências espaciais de diversos níveis em Lamartine variando entre a apreciação visual, a necessidade do contato físico que permeiam a chegada na ideia de pertencimento e afeição Seridó. Cada espaço que ele ocupou teve sua importância para a construção de sua personalidade e de sua obra. Vemos que o grande catalizador de sua escrita é a saudade, não apenas de um espaço, mas de todo um modo de vida baseado em uma ligação forte entre homem e natureza. E por fim, a paisagem em seus textos é uma junção entre imaginação, experiência e conhecimento adquirido em uma tradição do olhar regional, construída desde o início do século XX no Nordeste.