“NÃO É TERRA DE PRÉSTIMO E NUNCA FOI POVOADA”: A TERRITORIALIZAÇÃO DOS SERTÕES DO CABO DE SÃO ROQUE (1500-1719)
Cabo de São Roque. Porto do Touro. Cartografia colonial. Sesmarias. Espaços coloniais.
Investiga como se desenvolveu o processo de apropriação territorial, perpetrado pela Coroa Portuguesa, no litoral norte da Capitania do Rio Grande, entre os anos de 1500 e 1719. Para tanto, problematiza a ocupação desse espaço, pois os estudos que compõem a historiografia sobre a Capitania do Rio Grande relegaram a essa região litorânea uma grande lacuna nessas produções, tal como se aquele espaço fosse um pedaço invisível do território. Apropria-se do conceito de “território” de Antônio Robert de Moraes, em que o processo colonizador utilizou os serviços militares e todo aparato jurídicoadministrativo para expandir as terras coloniais. Metodologicamente, utiliza tanto uma análise dos documentos cartográficos e escritos do período como também investiga, através da análise da trajetória dos sujeitos, norteado pelos estudos de João Fragoso e Cristina Mazzeo Vivó, as trajetórias de vida dos sesmeiros que adquiriram terras dos sertões do Porto do Touro. Nessa análise, identificou-se indícios do contato entre indígenas Potiguara e de corsários franceses na Enseada de Pititinga e nas imediações do Cabo de São Roque no século XVI, como também identificou o sesmeiro Domingos de Carvalho da Silva como uma das figuras importantes nesse processo de apropriação dos sertões do Cabo de São Roque. Por fim, o exame dessas fontes demonstrou que o cruzamento de diferentes mananciais arquivísticos, principalmente cartográficos, traz resultados profícuos para o trabalho do historiador interessado em investigar a ocupação dos espaços coloniais e as relações entre os diferentes níveis da administração portuguesa no Ultramar