Cidade sem rosto de mulher: A trajetória do movimento de mulheres/Feminista em Natal [1978 – 1995]
Cidade; movimento de mulheres; feminismo; história oral.
O trabalho tem como objetivo desenvolver uma análise do que foi o movimento feminista e de mulheres em Natal no período entre 1978 a 1995. Considerou-se importante compreender de que forma alguns grupos de militância política foram se organizando na cidade, especificamente em bairros, como uma estratégia de luta na reivindicação por políticas públicas nas áreas de habitação, saúde, segurança e, de maneira geral, na formulação de projetos que pudessem oferecer suporte na realidade de mulheres em situação de vulnerabilidade. O papel dos movimentos sociais urbanos tem mostrado um campo frutífero na investigação das relações entre sociedade civil e Estado. Durante a ditadura esses grupos criaram novas identidades e conseguiram se inserir como protagonistas no período em que as vias democráticas estavam suspensas. Foi diante deste cenário que o movimento feminista impulsionou novos sentidos na agenda política do país. As mulheres começavam a questionar os papéis tradicionais de suas vidas fazendo com que muitas delas se lançassem nas lutas antiautoritárias. A década de 1980 foi um campo de iniciativas por parte de feministas que vinham das universidades, mas também foi um período marcado por lutas de mulheres nas bases populares. Muitas militantes se forjaram nas atividades que objetivavam melhorias na infraestrutura dos bairros, considerando-se, apenas, como “mulheristas”. Partindo dos pressupostos do historiador Alessandro Portelli, autor que trabalha com o sentido de valorização de subjetividades pelos quais os sujeitos passaram em determinados períodos, o trabalho se ancorou na metodologia da história oral como possibilidade de investigação histórica valorizando as narrativas de ex-militantes em Natal.