BOI DE PRATA: POLÍTICA E CULTURA NA ESTREIA DO SERTÃO DO SERIDÓ NO CINEMA TERCEIRO-MUNDISTA BRASILEIRO (1970-1980)
Cinema brasileiro, paisagem, cultura, política, sertão, Seridó, Nordeste, Terceiro Mundo.
Este estudo analisa as muitas faces da primeira representação cinematográfica do Seridó e sua relação com a cultura política do cinema brasileiro. Na virada do ano de 1978 para 1979, era filmado na cidade de Caicó – RN o longa metragem intitulado Boi de Prata, que fez parte da primeira leva de filmes realizados através da política de regionalização da produção da recém-criada estatal de cinema Embrafilme. Ao realizar a película sobre e no sertão do Seridó, seu lugar de origem, o diretor Carlos Augusto Ribeiro Jr elaborou a construção discursiva imagética sobre o sertão seridoense e o Brasil como territórios do Terceiro Mundo, colocando-a como a alternativa na disputa entre a produção espacial de matriz conservadora-regionalista e a de matriz progressista-marxista. Vamos mostrar que o diretor atuou dentro da tradição do cinema brasileiro, que é a de contribuir para a formação da identidade regional e nacional, ao fazer uso de tópicos da cultura popular como a religião, as lendas, a música, a dança e a literatura oral.