JOSÉ LEÃO FERREIRA SOUTO E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE POTIGUAR NA TRANSIÇÃO DO SÉCULO XIX PARA O SÉCULO XX
Palavras-chaves: José Leão Ferreira Souto. Biografia. Identidade Potiguar. Movimento Republicano. Positivismo
RESUMO
O objetivo desta dissertação é construir uma biografia histórica do norte-rio-grandense José Leão Ferreira Souto (1850 – 1904) e a partir dela analisar a gestação de uma identidade potiguar na transição do século XIX para o século XX. Pretende-se, por um lado, compreender como foram tecidas relações sociais e políticas que possibilitaram José Leão a adjetivar uma identidade para um povo específico, vinculado a um espaço, o Rio Grande do Norte; e, por outro, perceber como um sujeito concreto, que viveu a transição do século XIX para o século XX, saiu de sua pequena província e se aproximou de pensamentos e ideologias advindas da Europa e emergente de maneira ainda limitada no Brasil. Ao longo do texto procurar-se-á demonstrar que essa identidade potiguar foi gestada no Rio de Janeiro e esteve diretamente ligada a movimentos de pensadores que viveram a transição do Império para a República. Para a execução do trabalho foi feito um mapeamento dos estudos biográficos no Brasil, destacando-se os trabalhos de Adriana Souza e Benito Bisso Schimidt. Do ponto de vista teórico o trabalho está ancorado nos estudos biográficos contemporâneos, entre os quais se destacam Sabina Loriga e François Dosse. As fontes de investigação estão organizadas a partir de materiais dispersos em várias cidades e que ainda não haviam sido sistematizados, e que podem ser divididas em três tipos documentais, a saber: a produção escrita de José Leão Ferreira Souto; as produções escritas por outros autores que fazem referências a ele; e, finalmente, as produções escritas por outros que, mesmo sem fazer referências a José Leão trazem elementos explicativos sobre o momento que ele viveu e sobre as ideias que produziu. O texto apresenta três conclusões básicas: a biografia de um sujeito concreto mostra que as ideias europeias que chegavam ao Brasil, no século XIX não eram simplesmente importadas, pois existiam elementos de disputas internas que favoreciam adaptações continuas dos pressupostos originais; a construção de uma identidade potiguar foi gestada no Rio de Janeiro a partir de princípios positivistas; Existiam, nos primeiros anos de República, grupos (silenciados pela memória) que faziam oposições as oligarquias, ultrapassando a interpretação de que as oligarquias locais tinham “superpoderes”.