O Avesso da Ruína: invenção e reinvenção de Pasárgada na obra de Manuel Bandeira (1917-1954)
Pasárgada; Manuel Bandeira; Imagem; Heterotopia
No presente trabalho, analisamos a trajetória de uma imagem já consolidada no imaginário brasileiro: Pasárgada. Acreditando que as imagens são alvo de elaborações e reelaborações, intentamos aqui mostrar o surgimento e as sucessivas reformulações desta imagem de um lugar outro (de uma heterotopia), as circunstâncias em que isto se deu e os investimentos de desejo que nela foram feitos. Assim, dividimos nossa investigação em três momentos, que compreendem os anos de 1917 a 1954: primeiramente, verificamos a trajetória de declínio social da família de Manuel Bandeira, marcada pelo dilema entre um passado patriarcal idealizado e um novo tempo de relações burguesas, distante da grande propriedade e dos valores aristocráticos de outrora; em um segundo momento, analisamos uma “pulsão paisagística” presente na poesia de um Bandeira e o contato do poeta com dois movimentos – o Modernismo Paulista e o Regionalismo Tradicionalista –, cujas ideias tornam possível a criação de Pasárgada; e, por fim, analisamos as recepções e apropriações de Pasárgada por diversos intelectuais, entre eles Mario de Andrade, Sérgio Buarque de Holanda e Rachel de Queiroz, seguidas por uma reapropriação final realizada pelo próprio Bandeira em sua autobiografia, o Itinerário de Pasárgada, unindo vida e obra nesta mesma imagem.