A FORÇA DA JUREMA: ENTRE PALAVRAS E REPRESENTAÇÕES ESPACIAIS
Catimbó-jurema; Espacialidades; Dinâmica religiosa; História Oral.
O catimbó-jurema é uma manifestação religiosa, cuja origem estaria relacionada aos grupos indígenas que um dia habitaram o Nordeste brasileiro. As pesquisas sobre esta modalidade religiosa vêm sendo documentadas há mais de 80 anos. Com intuito de contribuir com as discussões sobre a temática, que ainda são relativamente escassas, este trabalho revisita algumas das obras consideradas “clássicas” com objetivo de perceber os arranjos que o catimbó apresentava nas décadas de 1920/30, momento em que as pesquisas de Mário de Andrade, Roger Bastide e Câmara Cascudo foram realizadas. Assim, poderemos minimamente compreender os mecanismos de (re)atualização do culto agenciados pelos adeptos do catimbó e sua atuação no cenário religioso contemporâneo. A liturgia juremeira delega considerável importância às “cidades encantadas”, elas são a morada dos mestres espirituais, o lugar de onde emerge toda a "ciência” desses guias. Tendo como base os discursos dos juremeiros, traçaremos uma análise sobre a construção imaginária e imaginada desses espaços sagrados, atentando para suas possibilidades de representação material e imaterial das "cidades espirituais" com a intenção de apresentar uma “geografia do sobrenatural” no catimbó. Assim como a grande maioria das religiões mediúnicas/espiritualistas, o catimbó possui uma série de elementos que explicitam uma "autonomia da fé", cada casa ou terreiro pode elaborar de forma independente a sua própria dinâmica litúrgica buscando referências em outros locus. Discutiremos acerca dessa autonomia nos baseando no discurso defendido por um mestre juremeiro do município de Parnamirim-RN, para tanto, nos aportaremos na metodologia da História Oral, modalidade história de vida.