"Em cada esquina um poeta, em cada rua um jornal": a vida intelectual natalense (1889-1930)"
Intelectuais, literatura, imprensa, sociabilidade, cidade
O objetivo deste trabalho é analisar a vida intelectual natalense. No período de 1889 a 1930, definimos como intelectuais os indivíduos que produziram algum tipo de literatura na capital norte-rio-grandense, constituindo-se como produtores, mediadores e criadores culturais na capital potiguar. Durante as primeiras décadas da construção do regime republicano, o movimento intelectual na cidade do Natal se intensificou: os grêmios literários multiplicaram-se, as publicações de obras literárias aumentaram, a imprensa periódica, que se autointitulava de caráter literário, acompanhava o ritmo frenético das modificações na capital, os intelectuais da cidade promoviam novos eventos e buscavam novos espaços para suas reuniões. Nesse sentido, buscamos investigar a dinâmica cultural que foi constituída na capital do Rio Grande do Norte durante a Primeira República (1889-1930), realizando, assim, algumas possibilidades de leituras sobre o tema. Concedemos uma atenção especial à atuação desses intelectuais na imprensa, uma vez que a história da literatura na cidade encontra-se ligada à história do desenvolvimento da imprensa periódica potiguar. Situando nosso trabalho no campo da história intelectual, trabalhamos com uma variedade de fontes: jornais, revistas, memórias e obras literárias. Questionamos-nos sobre quem eram os homens de letras potiguares durante a Primeira República, sobre as articulações construídas por esses indivíduos entre si e com outros segmentos sociais de sua época, sobre as suas relações com a cidade, em suma, sobre o funcionamento enquanto grupo, ressaltando as regras, os laços e as disputas existentes no campo literário da cidade do Natal.