Banca de DEFESA: ALESSANDRA SALLES DA SILVA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ALESSANDRA SALLES DA SILVA
DATA : 18/05/2023
HORA: 08:30
LOCAL: Google Meet
TÍTULO:

Estudo clínico-epidemiológico da infecção por Leishmaniasp emum abrigo de cãesem área endêmica de leishmaniose visceral na região metropolitana de Natal, Rio Grande do Norte


PALAVRAS-CHAVES:

Leishmaniose visceral canina; Ehrliquia canis; Babesia canis; doença tropical negligenciada; saúde pública; saúde ambiental.


PÁGINAS: 103
RESUMO:

A leishmaniose visceral (LV) ocorre como antropozooonose infecciosa crônica de distribuição mundial. A maioria dos casos de LV humana ocorre no Brasil, África Oriental e Índia com 50.000 a 90.000 novos casos anualmente. Em 2020 mais de 90% de casos novos foram notificados no Brasil, China, Etiopia, Eritrea, India, Kenya, Somalia, Sudão, Sudão Sul e Yemen. A LV é considerada um problema urbano e de saúde pública associado à vulnerabilidade sócio-ambiental. O cão doméstico é o principal reservatório animal de Leishmania infantum uma vez que faz a correlação dos espaços rural-urbano e vivem em espaços públicos e domicílios. O flebotomíeneo Lutzomyia longipalpis é o vetor de L. infantum. No intuito de cuidar decães abandonados, diversos países possuem abrigos.No Brasil, muitos surgiram de maneira desorganizada, superlotados e com riscos de contaminação de doenças infecto-contagiosas entre os indivíduos. O estudo teve como objetivo analisar e descrever o cenário clínico-epidemiológico da LV na região metropolitana de Natal, com vistas a compreender o papel desses abrigos na expansão ou manutenção da LV bem como a infecção por outros patógenos. Inicialmente, informações qualitativas foram obtidas junto ao abrigo e constatou-se que os animais foram examinados para LV conforme as diretrizes do Ministério da Saúde (testes Snap e ELISA) e tratados de acordo com os sinais clínicos. Em nosso estudo, foram avaliados 98 cães e realizados exames físico-clínicos, coleta de sangue e aspirado medular. A punção venosa foi realizada nas veias cefálica, femural ou jugular e coletados entre 3 e 5mL de cada animal. A infecção por L. infantum foi confirmada pelo teste imunoenzimático (ELISA) e os níveis de anticorpos anti-Leishmania determinados comantígenos solúveis de Leishmania (SLA). O ponto de corte foi 0.392, este valor foi determinado com base na média dos resultados do soro de 6 animais saudáveis de área não endêmica para LV canina. O aspirado de medula óssea para a presença de Leishmania  foi usado em meio de cultivo mínimo essencial(HOMEM) contendo 10% de soro fetal bovino inativado e hemina (8 µM). A procura do parasito em cada cultura/aspirado foi feita em dias alternados por microscopia ótica até 30 dias após a coleta. Os isolados positivos para Leishmania pela PCR quantitativa (kit de extração Qiagen) foram tipadoscom primers específicos para L. infantum. Oq-PCR foi usado também para Ehrlichia canis e Babesia canis (SYBR green reagent -Invitrogen, Grand Island, NY, USA). A concentração de DNA para cada amostra foi estimada por espectrofotometria a 260 nm. Uma estimativa da carga parasitária do parasito em aspirados de medula óssea foi obtida pela amplificação do DNA do cinetoplasto (k-DNA) e MAG-1 com primers e sondas descritos anteriormente.Para o DNA de E. canis eB. canisforam usados osprimers SYBR green reagent (Invitrogen, Grand Island, NY, USA) com desnaturação inicial a 95° C por 10 minutos, seguido por 40 ciclos de amplificação  (95° C por 15 segundos e 60 ° C por 60 segundos em termociclador Quantstudio 3 qPCR (Thermo-Fisher, Waltham, Massachussets, USA). Flebotomíneos foram capturados com armadilhas luminosas CDC instaladas entre 18 e 6h entre abril e dezembro de 2022, em dois pontos no abrigo e dois pontos em um fragmento de mata, em uma propriedade privada. Para a análise estatística foram usados os testes de Qui-quadrado de Pearson e Fisher e um modelo linear generalizado (GLM) para inferir algumas associações. A presença de anticorpos anti-Leishmania foi estimada pela densidade ótica (OD) do ELISA usando SLA e os resultados foram usados na estatística. Dos 98 cães 70% é procedente de Parnamirim, seguido por Natal, São Gonçalo do Amarante, Nísia Floresta e Macaíba. A faixa etária predominante foi maior que sete anos. Os sinais mais frequentes foram as lesões de pele, onicogrifose e conjuntivite. O q-PCR  revelou 19% de cães positivos para L. infantum, 22% para E. canis e 18% para B. canis. A relação entre os patógenos e mortes foi significativa para L. infantum MAG1 (P< 0.01) e Ehrlichia (P = 0.04). Para os cães positivos por MAG1, a chance de óbito aumenta em um fator de 4.56,ao passo que se forem positivos para Ehrlichia canisa chance de óbito é em torno de 2.75. Nenhuma asociação entre a infecção por Babesia e óbito foi encontrada. L. longipalpisfoi a espécie dominante, sendo mais frequente no abrigo dos cães (96%)seguido de um galinheiro na propriedade privada. O diagnóstico molecular é preciso na detecção de Leishmania e possui alta sensibilidade. A qPCR considerada padrão ouro, para quantificar a carga parasitária, pode ser usada para o diagnóstico e monitoramento de cães em tratamento. Nossos dados mostram correlação entre a presença de DNA e os níveis de anticorpos. Por fim, a falta de controle populacional e o abandono de cães podem causar transtornos sanitários, sociais e ambientais em paiíses ou regiões subdesenvolvidos. A instabilidade dos ecossistemas, alta densidade de animais e doenças infecciosas em abrigos em áreas endêmicas podem expandir a transmissão de L. infantum. O manejo populacional de cães em áreas urbanas requer medidas educativas e políticas públicas, sanitárias e ecológicas que sejam ambientalmente sustentáveis beneficiando animais e pessoas no contexto da saúde ambiental.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 350500 - MARIA DE FATIMA FREIRE DE MELO XIMENES
Interno - 1062272 - JULIO ALEJANDRO NAVONI
Externo à Instituição - FILIPE DANTAS TORRES - Fiocruz - PE
Notícia cadastrada em: 15/05/2023 08:39
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