Efeitos agudos da técnica de Breath-Stacking sobre os volumes pulmonares e pico de fluxo de tosse em pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica
Doenças Neuromusculares, Pletismografia, Terapia Respiratória
Introdução: A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa progressiva que acomete os neurônios motor superior e inferior. Possui uma elevada morbidade/mortalidade devido a disfunção dos músculos respiratórios com a presença de fraqueza muscular que pode levar a insuficiência respiratória. Por ser considerada ainda uma doença incurável, as intervenções no âmbito da Fisioterapia Respiratória refletem no aumento da sobrevida e na melhora da qualidade de vida, através de técnicas que auxiliam em modificações positivas nos volumes pulmonares e que poderiam minimizar e prevenir complicações respiratórias. Entre as técnicas destaca-se a Breath-Stacking (BS) que possibilita um incremento nos volumes pulmonares e é considerada uma técnica de fácil uso e boa aplicabilidade para os pacientes e cuidadores. Entretanto, ainda são controversos os benefícios da técnica BS na amplitude das alterações nos volumes pulmonares e na geração do pico de fluxo tosse (PFT) como um mecanismo auxiliar e domiciliar de retardo no comprometimento respiratório e auxíio na expectoração ativa dos indivíduos acometidos com ELA.
Objetivo: O objetivo do presente estudo será avaliar os efeitos respiratórios agudos nos volumes pulmonares, no padrão respiratório e no PFT antes, durante e após a realização da técnica de BS em pacientes com ELA versus indivíduos saudáveis pareados. Além disso, será observado o efeito da manobra no sinal elétrico de músculos respiratórios (inspiratórios e expiratórios).
Materiais e Métodos: Trata-se de um ensaio clínico randomizado onde serão estudados 40 indivíduos de ambos os gêneros, 20 pacientes com ELA em seguimento ambulatorial e 20 sujeitos saudáveis. Ambos os grupos serão avaliados e caracterizados em relação às medidas antropométricas, bioimpedância, prova de função pulmonar e qualidade de vida relacionada a saúde. A técnica de BS será realizada com inclinação tronco de 45o e o pico de tosse será calculado em três diferentes volumes após a manobra de BS: capacidade pulmonar total (CPT), 30% da CPT e a partir do volume corrente (Vt), sendo a ordem aleatorizada. Durante todo o protocolo, os volumes pulmonares e o padrão respiratório serão avaliados através da Pletismografia Optoeletrônica (POE), BTS Bioengineering (Itália) e o sinal eletromiográfico dos músculos respiratórios (esternocleidomastoideo, diafragma e reto abdominal) serão avaliados através de um eletromiógrafo de superfície EMG System Brasil LTDA.
Resultados Preliminares: Para definição do protocolo, foi realizado um estudo piloto com 14 indivíduos saudáveis (7H), não tabagistas e com a função pulmonar preservada, idade de 23,79 ± 2,48 anos e IMC de 23,31 ± 1,84 Kg/m2. O efeito da técnica de BS nos volumes pulmonares e no PFT foi comparado em dois diferentes posicionamentos: supino e inclinação de tronco à 45o, sendo solicitado uma tosse espontânea antes e após a manobra de BS. A técnica de BS promoveu aumento no PFT (5,21 vs 6,09 L/s; p<0,005) somente na posição inclinada 45o. Observamos ainda um aumento significativo nos volumes pulmonares da caixa torácica (pulmonar + abdominal) imediatamente após a técnica em ambos os posicionamentos (supino: 0,182 L vs 0,220 L e 45o: 0,211 L vs 0,279 L (p<0,05)).
Conclusão: Os resultados preliminares em indivíduos saudáveis sugerem que a técnica de BS promove um aumento nos volumes pulmonares, melhorando a complacência pulmonar e favorecendo um aumento do pico de tosse na posição inclinada à 45o.