Associação entre diferentes marcadores antropométricos com variáveis espirométricas e de força muscular respiratória em obesos mórbidos
Obesidade, Músculos respiratórios, Força muscular, Espirometria, Adiposidade, Antropometria, Pressões Respiratórias
Introdução: A obesidade é uma epidemia global em alarmante ascensão. Caracterizada pelo excesso de gordura corporal subcutânea, de caráter multifatorial, está relacionada ao surgimento de diversas co-morbidades, entre elas, várias alterações respiratórias, estas se tornam mais intensas quanto maior o grau de obesidade. Não há consenso na relação entre os marcadores de adiposidade geral ou específicos e suas repercussões sobre a função ventilatória, especialmente em relação à sobrecarga muscular respiratória. Objetivo: Analisar a relação entre marcadores antropométricos e variáveis espirométricas e de força muscular respiratória em indivíduos com obesidade mórbida. Métodos: Estudo transversal (retrospectivo e prospectivo) entre setembro de 2007 e outubro de 2012. Participaram da pesquisa 163 obesos mórbidos (37.1±9.8 anos; IMC=49.0±5.88Kg/m2) sem alterações espirométricas. Foram observadas as associações entre Índice de Massa Corporal-IMC, adiposidade localizada (Circunferências de Pescoço-CP, Cintura-CC e Quadril-CQ), percentual de gordura corporal através do Índice de Adiposidade Corporal-IAC, volumes e capacidades pulmonares (CVF, VEF1 e VRE), pressões respiratória estática (PIM e PEM) e dinâmica (VVM). Resultados: O VRE foi o volume mais afetado pela obesidade (41%predito) e mostrou associação negativa nas relações com todos os marcadores de adiposidade (IMC: r=-0.52; IAC: r=-0.21; CC: r=-0.44; CP: r=-0.25 e CQ: r=-0.28). Há relação inversa entre a CVF (r=-0.59), VEF1(r=-0.56) e VVM (r=-0.43) com o percentual de gordura corporal (IAC), mas não com o índice massa corporal (IMC). As pressões respiratórias são justificadas pela adiposidade ao redor do pescoço, IAC e peso corporal. Nossos dados de força muscular respiratória foram melhores associados às equações de Harik-Klan para PIM (R²=0.72) e de Neder para PEM (R²=0.52). Em um modelo de regressão linear, as variáveis de adiposidade não justificam a VVM. O VEF1 explica 62% da variância do VVM em obesos mórbidos. Conclusão: Há efeito do percentual da adiposidade corporal e circunferência do pescoço na força muscular e capacidade de gerar fluxo respiratório de obesos mórbidos. Sugerimos a equação elaborada por Harik-Klan para obtenção de valores preditos de PIM e a equação proposta por Neder para valores de normalidade da PEM em sujeitos com obesidade mórbida. Foi possível fornecer uma equação de referência específica para VVM em obesos mórbidos.