FUNCAO FISICA NO ENVELHECIMENTO FEMININO - O PAPEL DA
MENOPAUSA E DA TERAPIA DE REPOSICAO HORMONAL EM
DIFERENTES CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS
Menopausa; Função física; Terapia de Reposição Hormonal; Mulheres;
Revisão sistemática.
Introdução: A função física representa um importante marcador de
desfechos em saúde durante o processo de envelhecimento. Nas mulheres,
ela parece sofrer influência das alterações hormonais que ocorrem durante a
menopausa. No entanto, estudos que avaliam a associação da função física
com o status menopausal ou com o uso de Terapia de Reposição Hormonal
(TRH) apresentam resultados conflitantes. Entender essas relações é
importante para planejar e direcionar práticas voltadas para a prevenção da
incapacidade nesse público.
Objetivo: Estudo 01: Avaliar a associação entre o status menopausal e a
função física em mulheres idosas da comunidade através de uma revisão
sistemática; Estudo 02: Examinar a associação entre a Terapia de Reposição
Hormonal (TRH) e desempenho físico entre mulheres do estudo longitudinal
canadense sobre envelhecimento; Estudo 3: Investigar a relação entre TRH e
a dificuldade em realizar Atividades de Vida Diária (AVDs) entre idosas
brasileiras.
Métodos: O primeiro estudo trata-se de uma revisão sistemática sobre as
associações entre o status da menopausa e função física de mulheres.
Foram incluídos estudos de natureza observacional e que avaliaram o status
da menopausa e a função física em diferentes contextos socioeconômicos. A
revisão seguiu protocolo previamente elaborado e cadastrado na plataforma
Prospective Register of Systematic Reviews. Metanálise foi conduzida por
meio do software Revman. O segundo estudo se trata de uma pesquisa
transversal utilizando dados do Canadian Longitudinal Study on Aging
(CLSA), com 12.506 mulheres na pós-menopausa. As que usam ou usaram
TRH foram comparadas com as que nunca usaram em relação às medidas
de força de preensão, velocidade da marcha, Timed Up and Go (TUG),sentar levantar e equilíbrio. Análises de regressão linear múltipla investigaram as relações com ajuste de covariáveis. O terceiro estudo foi uma análise da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do ano 2019, com mulheres brasileiras de todas as regiões do país que estavam na pós- menopausa. Foram utilizados dados sobre o relato de uso de TRH e dificuldade de realização de AVDs. Os dados foram analisados por meio de Regressão Logística Binária. As análises dos estudos 2 e 3 levaram em consideração os pesos amostrais derivados de amostras complexas.
Resultados: Estudo 01: O protocolo da revisão sistemática foi publicado e o
artigo com seus resultados encontra-se pronto para submissão. Foram
incluídos 21 estudos. Os resultados indicam que mulheres na pós
menopausa natural ou cirúrgica possuem pior função física comparada às
mulheres na pré- e perimenopausa na maioria dos testes funcionais
considerados. Os resultados são atenuados quando se considera ajuste para
covariáveis como idade e peso corporal. Os resultados são semelhantes ao
considerar os diferentes contextos socioeconômicos. Estudo 02: A TRH foi
associada a melhor desempenho físico nos testes de velocidade da marcha e
TUG na amostra canadense, sem diferença entre os grupos em relação aos
demais testes. Em análise por subgrupo de idade, os resultaram
permaneceram significativos apenas entre aquelas com mais de 65 anos.
Estudo 03: Os resultados apontam que aquelas mulheres que nunca
utilizaram TRH apresentam mais dificuldades em todas as atividades
funcionais em comparação as que utilizaram. Ao considerar análises
ajustadas envolvendo dados socioeconômicos, exercício físico, hábito de
vida, doenças crônicas e idade da menopausa, usar TRH se mantem como
fator de proteção para 2 das 5 atividades analisadas: dificuldade no banho e
andar.
Conclusão: A transição menopausal representa um período crítico durante o
qual a função física tende a declinar, ressaltando a importância de
implementar estratégias de saúde para mulheres durante esta fase. A TRH
está associada a alguns marcadores de melhor função física, como a
velocidade da marcha, o teste TUG e o relato de realização de AVDs. No
entanto, para alguns desfechos, a diferença foi pequena e, portanto, a
relevância clínica ainda precisa ser determinada. São necessários mais
estudos prospectivos para confirmar se o uso de TRH leva a melhores
resultados funcionais ao longo do tempo.