INFLUÊNCIA DO USO DA REALIDADE VIRTUAL NO PADRÃO DE ATIVAÇÃO CORTICAL E NO DESEMPENHO DE ATIVIDADE DE DUPLA TAREFA EM IDOSOS SAUDÁVEIS
IDOSOS, EEG. DUPLA TAREFA, REALIDADE VIRTUAL
As atividades de dupla tarefa caracterizam-se por associar tarefas cognitiva e motora, levando a uma maior demanda do sistema neuromotor para a percepção, associação e elaboração de uma resposta adequada. Considerando as alterações físicas, fisiológicas e comportamentais inerentes do processo de envelhecimento, acredita-se que o desempenho de atividades de dupla tarefa em idosos tenha piores resultados quando comparados à sujeitos mais jovens. Além disso, as atividades de dupla tarefa em idosos estão atreladas à maior predisposição a quedas, fato este, que configura um grave problema de saúde pública pelos elevados índices de mortalidade e morbidade nessa população. Mas, apesar das diversas perdas características do envelhecimento, o potencial de aprendizagem motora e cognitiva em idosos é real. Assim, o conhecimento do comportamento cerebral de idosos durante o desempenho em atividades de dupla tarefa e a elucidação de uma intervenção com melhor capacidade de modificar o seu padrão de ativação cerebral torna-se relevante para melhora da independência funcional nessa população. O presente estudo apresentou como objetivo, investigar a influência de um programa de exercícios baseado em realidade virtual no padrão de ativação cerebral e no desempenho de atividade de dupla tarefa de idosos. Estudo do tipo comparativo quase-experimental, com uma população de idosos (65-75 anos), cuja amostra constou de 13 sujeitos de ambos os gêneros que foram submetidos a avaliação do mapeamento cerebral através do aparelho de Eletroencefalografia Emotiv EPOC, durante o desempenho do Teste de Deambulação Funcional (TDF). Após a avaliação, os sujeitos foram aleatorizados em 2 grupos, sendo o grupo experimental (exercícios com realidade virtual) e controle (exercícios convencionais), e completaram um programa de exercícios durante 12 semanas com frequência de duas vezes por semana. Após a conclusão do protocolo, os sujeitos foram reavaliados obedecendo os mesmos critérios da avaliação pré-intervenção. Os dados captados pelo EEG foram processados e considerados os valores dos potenciais de onda referentes às ondas alfa e beta. Os potenciais foram tabulados no SPSS-19 e considerando a normalização dos dados, foi utilizado o Teste t pareado para comparação das médias nas condições pré e pós intervenção. Já os dados obtidos no desempenho da atividade de dupla tarefa (tempo de desempenho e número de erros), foram comparados através do Teste de Wilcoxon, considerando a distribuição não normal pelo teste de Shapiro Wilk. Para o desempenho nas atividades de dupla tarefa, os resultados encontrados evidenciam que: Na atividade DT1, o grupo controle apresentou redução significativa no tempo de desempenho; já para a atividade DT2, o grupo experimental apresentou uma redução significativa para o número de erros. Com relação ao mapeamento cerebral, os resultados demonstraram aumento significativo da onda alfa na área FC6, equivalente ao córtex motor primário, e redução significativa da onda beta nas áreas pré-frontal direita (AF4) e no córtex somatossensorias e de associação esquerdos (P7), para o grupo controle, apenas durante o desempenho da DT1. Assim, a partir dos resultados encontrados, concluímos que o programa de exercícios convencional foi capaz de expressar uma modificação mais significativa no padrão de ativação cortical dos sujeitos investigados quando comparado ao programa de exercícios com realidade virtual.