ACONTECE NAS MELHORES FAMÍLIAS: A reprodução da violação da diversidade sexual e o processo de individuação dos sujeitos LGBTI+
Família; Diversidade Sexual; Patriarcado; LGBTI+; Individuação.
Este trabalho objetiva apreender e analisar as determinações da sociedade capitalista na família e no processo individuação no que se refere à expressão da diversidade sexual, bem como analisar a relação entre família e a reprodução do preconceito no que diz respeito à diversidade sexual e identidade de gênero dos sujeitos LGBTI+ no contexto atual de avanço do conservadorismo e da pandemia do novo coronavírus. Partimos do pressuposto que existe um tipo de organização familiar hegemônica fundada na propriedade privada, casamento monogâmico e heteropatriarcado que implica, por um conjunto de determinações, reprodução de opressão e de violação aos direitos humanos e à diversidade sexual. Para apreensão da relação entre a família hegemônica no capital e a sexualidade, caracterizaremos e analisaremos as principais formas de violações da diversidade sexual no âmbito familiar, que operam barreiras ao processo de individualidade dos filhos e das filhas LGBTI+. As estratégias de investigação utilizadas para a coleta e produção de dados reúne: (1) Pesquisa bibliográfica em que daremos continuidade à revisão bibliográfica sobre a função social da família no capitalismo; sobre as interações dialéticas entre trabalho, o processo de individuação e a diversidade humana, considerando a relação entre família e o processo de individuação e de expressão da diversidade sexual e da identidade de gênero; (2) realização de entrevistas semiestruturadas com indivíduos LGBT+ e mães. Localizamos os sujeitos da pesquisa (mães de filhos/as LGBT+ e filhos/as LGBTI+) a partir do projeto mães pela diversidade, desenvolvido no âmbito do CRDH/UFRN em que participei durante o estágio curricular obrigatório do Curso de Serviço Social e (3) mapeamento das organizações coletivas do movimento das mães pela diversidade no Brasil com a finalidade de apreendermos os processos de resistência que estão sendo construídos para que as famílias não sejam meras reprodutoras da lógica das relações sociais do mundo burguês. As condições objetivas e subjetivas de fazer pesquisa precisaram adequar-se após as mudanças geradas pela pandemia COVID-19 e os protocolos sanitários, considerando o agravamento da questão social que incide no modo de vida da classe trabalhadora desde março de 2020 com a quarentena, bem como o estado de barbárie posto pelo capitalismo que se intensificou com a pandemia, com interesses econômicos voltados ao desenvolvimento do capital em detrimento da vida. Desse modo, pretende-se acrescentar o debate desse tempo histórico, sobretudo a condição de vida deletéria dos/as brasileiros/as em função das crises econômica, política e sanitária, intensificadas pelo governo Bolsonaro (2018-2022).