DA VOZ QUE CALA AO CORPO QUE FALA:
O ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO COMO DESAFIO PARA O SERVIÇO SOCIAL
Assédio Moral; Violência; Trabalho; Serviço Social
As transformações ocorridas no mundo do trabalho capitalista, em especial a partir dos últimos decênios do século XX, acentuaram o processo de manipulação e dominação da classe trabalhadora, materializado, principalmente, por meio da naturalização e/ou banalização da violência, operada no ambiente do trabalho. Desse processo, emergem os elementos constitutivos do assédio moral, isto é, das práticas constrangedoras e humilhantes que se prolongam no tempo, degradando o gênero humano, e tornando-se objeto fecundo para o estudo, o debate e a intervenção dos profissionais da área do Serviço Social. Dessa forma, assumimos a perspectiva de analisar as concepções e o trabalho dos Assistentes Sociais, que atuam na área de gestão de pessoas, perante o assédio moral no ambiente de trabalho. Propomos como objetivos específicos: apreender as configurações do assédio moral, no contexto contemporâneo de competitividade e de flexibilização do trabalho, bem como, as suas implicações na saúde do trabalhador; caracterizar a configuração dessa expressão da violência no trabalho, no município de Natal- RN; e analisar as competências e atribuições do Assistente Social no processo de prevenção, identificação e enfrentamento do assédio moral, no contexto do trabalho. Este estudo constituiu-se de uma abordagem qualitativa, referenciado no método dialético-crítico, logo adotamos como procedimentos metodológicos a pesquisa de referenciais teóricos, documental e de campo, realizada com auxílio de entrevistas semiestruturadas. Os sujeitos da pesquisa foram os profissionais de Serviço Social, que atuam na área de gestão de pessoas, em 5 (cinco) instituições, com natureza jurídica e ramos de atividades distintos, localizadas em Natal-RN. Os resultados dessa análise indicam que o assédio moral, é uma expressão contemporânea da “questão social”, que se apresenta como demanda para os Assistentes Sociais- de forma silenciosa e/ou camuflada- sob a aparência de problemas relacionados à saúde do trabalhador ou de meros conflitos de relacionamento interpessoal, isto é, sem qualquer nexo causal com a organização do trabalho. O medo de perder o emprego, de não ser inserido no mercado de trabalho, e/ou de sofrer represálias, aprofunda os níveis de sujeição das vítimas do assédio moral. Daí decorre a importância dos Assistentes Sociais estarem habilitados para decifrar a realidade social, prevenindo e combatendo os elementos constitutivos do assédio moral.