Banca de DEFESA: RAUL FERNANDES DANTAS DE SALES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : RAUL FERNANDES DANTAS DE SALES
DATA : 30/04/2018
HORA: 14:00
LOCAL: Anfiteatro das Aves
TÍTULO:

Ecologia comportamental do lagarto Ameivula ocellifera (Squamata: Teiidae) no nordeste do Brasil


PALAVRAS-CHAVES:

Dieta; ecologia térmica; comportamento de forrageio; comportamento reprodutivo; comportamento termorregulatório; lagartos.


PÁGINAS: 80
RESUMO:

Lagartos da família Teiidae são reconhecidos como forrageadores ativos que mantém temperaturas corpóreas elevadas em atividade, e que não defendem territórios, de modo que tanto machos quanto fêmeas possuem oportunidades de acasalar com vários parceiros durante a estação reprodutiva. Entretanto, são escassos os estudos que analisaram quantitativamente o comportamento de teídeos, especialmente na América do Sul. Nessa perspectiva, a proposta deste estudo foi investigar os comportamentos de forrageio, de termorregulação e de reprodução do lagarto cauda-de-chicote Ameivula ocellifera, uma espécie conspícua e amplamente distribuída na região Nordeste do Brasil, almejando contribuir para o conhecimento acerca da ecologia comportamental dos teídeos sul-americanos. Para coleta de dados comportamentais em campo, foram realizadas excursões em duas épocas do ano (estações seca e chuvosa) em três localidades do estado do Rio Grande do Norte, sendo duas no domínio da Caatinga (Lagoa Nova e Acari), e uma no domínio da Mata Atlântica (Nísia Floresta). Para complementar a análise do comportamento reprodutivo, utilizou-se também dados comportamentais de duas localidades adicionais (Natal e Serra Negra do Norte). As observações focais foram registradas com uma filmadora digital, e os vídeos foram posteriormente analisados pelo método animal focal contínuo. Alguns animais foram capturados após as filmagens para análise da dieta e temperaturas corpóreas. As dietas das populações de Lagoa Nova e Acari foram compostas predominantemente por térmitas e larvas de inseto, respectivamente, enquanto a população de Nísia Floresta apresentou uma dieta mais generalizada, sem uma única categoria de presa predominante. O comportamento de forrageio foi caracterizado por índices elevados de movimentação e de busca ativa por presas, mas a população de Nísia Floresta apresentou um índice menor de busca ativa em relação às duas populações de caatinga porque os lagartos passaram mais tempo exibindo vigília. Registrou-se também diferenças no principal modo de descoberta de presas entre a população de Nísia Floresta (busca visual e quimiossensorial em movimento) e as populações de caatinga (cavando o substrato). Na população de Lagoa Nova, verificou-se diferenças sazonais no comportamento de forrageio. Ajustes comportamentais em resposta a variações na disponibilidade de presas e diferenças no tempo de vigilância contra predadores são explicações plausíveis paras as diferenças sazonais e populacionais registradas no comportamento de forrageio. As temperaturas corpóreas em atividade (TC) variaram entre 32,4 e 43,4 °C, com valores médios semelhantes entre as três populações, na faixa de 38-39 °C. Apesar da similaridade em TC, valores mais amenos de temperaturas do substrato (TS) e temperaturas do ar (TA) foram registrados para Lagoa Nova. Ao comparar-se as três populações durante a estação chuvosa, verificou-se que os animais de Lagoa Nova se expuseram mais tempo ao sol e menos tempo à sombra do que as outras duas populações. Além disso, TS e TA variaram sazonalmente em Lagoa Nova, com menores valores na estação chuvosa, e os animais passaram mais tempo expostos ao sol e menos tempo expostos ao sol filtrado na estação chuvosa do que na estação seca. Verificou-se uma relação positiva nas três populações entre o tempo exposto a condições nubladas e o tempo realizando aquecimento termorregulatório (basking), e os lagartos de Acari passaram mais tempo realizando basking em comparação às outras duas populações. Os resultados sugerem que a manutenção de TC semelhantes entre as populações e ao longo do ano em Lagoa Nova ocorreu por flexibilidades no comportamento de termorregulação que reduziram o impacto de variações nas condições ambientais. O sistema de acasalamento de A. ocellifera é caracterizado por cópulas consensuais precedidas por cortejo do macho, e acompanhamento pós-copulatório da fêmea, com o macho companheiro repelindo machos rivais, e guardando a entrada da toca da fêmea quando ela encerra a atividade diária. Adicionalmente, alguns machos podem copular oportunisticamente com uma fêmea sem cortejo prévio. O acompanhamento possui custos de sobrevivência para os machos companheiros, pois estes passaram mais tempo em vigília, menos tempo realizando busca ativa por presas, capturaram menos presas, e iniciaram 75% mais interações agonísticas contra outros machos quando comparados com machos forrageando solitariamente. Já as fêmeas podem se beneficiar através de cortejo pós-copulatório e acesso a machos de alta qualidade. Cópulas oportunísticas, por outro lado, podem ser uma estratégia condicional adotada por machos menos dominantes para conseguir acasalamentos, mas que presumivelmente confere um menor valor adaptativo.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1476621 - DANIEL MARQUES DE ALMEIDA PESSOA
Presidente - 1121066 - ELIZA MARIA XAVIER FREIRE
Externo à Instituição - LEONARDO BARROS RIBEIRO - UNIVASF
Externo ao Programa - 350638 - MARIA DE FATIMA ARRUDA DE MIRANDA
Externo à Instituição - VANDERLAINE AMARAL DE MENEZES - UERJ
Notícia cadastrada em: 03/04/2018 13:00
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