DA EMERGÊNCIA DA PERSONAGEM SOCIAL DO HOMOSSEXUAL À CULTURA GAY: UMA LEITURA A PARTIR DE MICHEL FOUCAULT
Homossexualidade. Dispositivos da sexualidade. Discurso
A presente pesquisa tem como objetivo compreender a conceituação da homossexualidade enquanto uma criação social, que provém dos discursos permeados pelos dispositivos da sexualidade. Discute o tema da homossexualidade, com foco nas obras de Michel Foucault, destacando-se sua obra A História da Sexualidade, em que o autor enfatiza a homossexualidade como uma construção social que se manifesta no decorrer do século XIX. A partir dos discursos foucaultianos, propõem-se a compreensão e a análise da criação do conceito homossexualidade, construção que se volta a uma subordinação do sujeito enquanto agente social, ou seja, a criação da homossexualidade não se remete à prática sexual entre indivíduos do mesmo sexo, e sim a um sujeito social e à posição que toma perante a sociedade. Portanto, juntamente com o nascimento do indivíduo homossexual, tem-se igualmente a construção do indivíduo como sujeito social, ou seja, a homossexualidade e o sujeito homossexual são produtos da imbricação poder-cultura. Ao se abordar essa temática, quebra-se a hegemonia que visa à caracterização “naturalizada” da sexualidade e, consequentemente, da homossexualidade, que nasce com os discursos originados em clínicas médicas e divãs psiquiátricos, nos quais se percebe a atuação do poder nos discursos que implantam as “verdades” voltadas à sexualidade. Com isso, elabora-se uma discussão que busca refutar a eugenia que compreende a sexualidade como algo natural, instituindo o homossexual como um sujeito que nasceu refém de uma genética “ruim”, um ser anormal que deverá ser tratado de sua patologia, e compreender esse indivíduo como um produto do discurso social.