HERÁCLITO NA FILOSOFIA DO JOVEM NIETZSCHE
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No início dos anos de 1870, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, professor de filologia em Basileia, inicia a sua produção filosófica, marcada pela publicação de O nascimento da tragédia, em 1872. Nietzsche se dedica com entusiasmo, neste período, a estudar e escrever sobre os gregos, entre eles, os também sobre os primeiros filósofos gregos. Os textos póstumos de juventude Os filósofos pré-platônicos, também conhecido como as Lições, escritas para uso didático, e A filosofia na época trágica dos gregos são resultado de sua pesquisa profunda e apaixonada pelos mais antigos filósofos. Usando como fonte principal estes dois textos, esta dissertação tem como objetivo elucidar a interpretação desenvolvida por Nietzsche sobre o filósofo Heráclito. Para isso, passamos pelas considerações nitzschianas sobre Tales, Anaximandro (sobretudo) e Parmênides, investigamos os quatro conceitos destacados e analisados nas Lições – devir, justiça (Díke), combate (pólemos) e fogo – e, por fim, aprofundamos nossa análise sobre a metáfora do mundo, isto é, do devir, como um jogo de criança que constrói e destrói castelos de areia `beira mar. Veremos que, para Nietzsche, Heráclito teve uma visão estética do mundo, uma visão contemplativa e alegre do mundo, do devir, marcado pelo eterno construir e destruir. Este é o espetáculo que, segundo Nietzsche, teria sido descortinado primeiramente por Heráclito e que deve ser contemplado eternamente.