ESTÉTICA E METAFÍSICA DA LUZ EM MARSILIO FICINO
A filosofia de Marsilio Ficino (1433-1499) é marcada por um aspecto predominantemente vinculador, em que todos os temas convergem para um único movimento circular: do Bem ao Bem. O objetivo da presente pesquisa é demonstrar como, em todo esse processo, a temática da luz representa o liame que atravessa e unifica toda a estética e a metafísica do mestre florentino, sob três perspectivas, que se revelam tanto na sua forma de expressar o mundo, quanto na de concebê-lo ou de com ele interagir. Primeiramente, pretende-se evidenciar que o filósofo da luz assume a racionalidade poética como instrumento adequado para a interpretação da sua original cosmologia. A seguir, desenvolve-se, a partir da recuperação ficiniana das figuras mitológicas das três Graças, – a beleza (Pulchritudo), o amor (Amor) e o prazer (Voluptas) – o modo como a luz parece acionar a dança do Universo, marcada pela intensa dialética do amante (Criatura) e do amado (Criador). A presente investigação conclui abordando a terapêutica solar proposta por Ficino como símbolo do poder humano de reconhecer no espelho do mundo, e em si mesmo, o esplendor da face divina.