A crítica de Jürgen Habermas à pós-modernidade: um conceito entre a incompreensão e o interesse.
Pós-modernidade; modernidade; racionalização social; autocertificação da modernidade; Aufklärung.
A presente pesquisa tem por objetivo investigar as obras da segunda fase de Jürgen Habermas (1929-) na intenção de mostrar que, para o herdeiro da Escola de Frankfurt, o discurso do despontar da pós-modernidade é equivocado, representando, na verdade, apenas uma incompreensão sobre o significado da modernidade enquanto uma consciência de tempo, marcada pelo problema da autocertificação e do duplo processo de racionalização social, e um interesse de distanciamento do projeto formulado pela Aufklärung. Ter-se-á como referência principal a obra O Discurso Filosófico da Modernidade (1985) e obras adjacentes como Pequenos Escritos Políticos V (1985) e A Teoria do Agir Comunicativo (1981). Tendo tais obras como horizonte teórico, esta dissertação se estrutura em quatro capítulos. No primeiro, realiza-se uma exposição do projeto habermasiano de construir uma teoria crítica da sociedade, defendendo de forma salutar o conceito de emancipação e os pressupostos da modernidade, bem como recusando veementemente o prefixo “pós” para definir o nosso período histórico. No segundo, aborda-se o primeiro eixo da crítica de Habermas à pós-modernidade: a incompreensão, ou seja, o fato de que os filósofos pós-modernos querem romper com os alicerces modernos estando ainda presos a eles. Ficará evidente que a incompreensão é fruto de uma análise equivocada feita da modernidade, na qual não se considera os problemas centrais apontados por Hegel e Weber. Após a caracterização do próprio significado da modernidade, adentra-se ao terceiro capítulo, no qual se analisa o real interesse existente na tentativa de rompimento com o mundo moderno e de como essa atitude remete aos pensamentos que vigoraram entre Nietzsche e os herdeiros de Hegel. Por fim, no quarto capítulo, resgata-se a maneira com a qual Habermas pretende persistir no projeto da Aufklärung a partir de uma mudança de paradigma que abandona a filosofia centrada no sujeito e aponta para aquela centrada na comunicação e no entendimento entre sujeitos capazes de falar e agir.