ATELIÊ BIOGRÁFICO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL: PRÁTICAS SOCIOEDUCATIVAS EM ESCOLA JUDICIAL.
Ateliê biográfico. Grupo reflexivo. Escola Judicial. Formação continuada.
Nas últimas décadas, intensificaram-se os debates sobre as narrativas biográficas e
autobiográficas como práticas socioeducativas, alinhadas ao cenário educacional do século
XXI, o qual impõe novas perspectivas pedagógicas, tecidas com fios epistemológicos e
metodológicos ancorados na formação ao longo da vida. Diante dessas exigências, cresceu a
necessidade de inovar a modalidade de formação continuada em Escola Judicial, como espaço
de importância vital para responder à demanda constitucional de aprimoramento das práticas
jurisdicionais. A tese tomou como objeto de estudo as narrativas autobiográficas e o grupo
reflexivo como práticas socioeducativas, realizadas no ‘Ateliê biográfico de formação
profissional’, como espaço-tempo para a formação continuada de oficiais de justiça –
Avaliadores Federais, na Escola Judicial do TRT, em Natal/RN. Nortearam a pesquisa as
seguintes questões: Quais os percursos de experiências e saberes compartilhados pelos oficiais
de justiça no “Ateliê biográfico de Formação Profissional”? Como se organiza o grupo
reflexivo enquanto prática socioeducativa na formação profissional? Que contribuições as
narrativas de si trazem para a formação ao longo da vida no contexto das práticas
jurisdicionais? Os princípios teóricos e métodos de pesquisa inspiram-se nos pressupostos
epistemológicos de estudos e pesquisas que colocam no centro da investigação e da formação
o sujeito da experiência e postulam sua capacidade de reflexão e de reinvenção de si
(FREIRE, 1987, 1996, 2001; JOSSO, 2008, 2010, 2012; PINEAU, 2005, 2006; DOMINICÉ,
2008, 2010; DELORY-MOMBERGER, 2006, 2008, 2012; PASSEGGI, 2008; 2010; 2011;
2012). Participaram da pesquisa 09 (nove) oficiais de justiça, no exercício da profissão, que
integraram o grupo reflexivo em 08 (oito) encontros no Ateliê biográfico, durante os quais
partilharam narrativas sobre suas experiências existenciais e profissionais. O material
empírico está constituído por suas narrativas escritas e orais e as transcrições das interações
nos grupos reflexivos, cujas análises foram realizadas na perspectiva proposta por Schütze
(2010). Das análises emergiram seis grandes categorias: reflexividade, experiencialidade,
historicidade, reversibilidade, dialogicidade e formabilidade que confirmam a tese de que a
reflexão conduzida por servidores em grupos reflexivos, mediante as narrativas de suas
experiências de vida, favorecem à formação profissional, por lhes permitir melhor entrever os
vínculos que articulam sua formação ao trabalho profissional. Os movimentos em espiral
utilizados ao longo das análises simbolizam a expectativa de uma abertura dinâmica e
contínua que prosseguirá para cada um dos participantes, que viveram o trabalho conjunto de
biografização e a magia do conhecimento de si mesmo como um exercício autopoiético.