Petrologia e gravimetria do Granito Serra do Dorna — Segmento norte do Batólito Acari, Faixa Seridó
Batólito Acari, Granito Serra do Dorna, modelagem gravimétrica, litoquímica, petrografia.
O Batólito Acari destaca-se na evolução geológica e metalogenética da Faixa Seridó por sua extensão, diversidade de fácies e associação com depósitos de W-skarn. O Granito Serra do Dorna (GSD), parte setentrional do batólito, está historicamente associado às mineralizações de scheelita do Distrito Brejuí-Boca de Laje, embora controvérsias geocronológicas e a ausência de granitos nas minas levantem questionamentos de seu papel nas mineralizações. Observações superficiais, falta de mapeamento geológico detalhado e de estudos geoquímicos e petrológicos limitam o entendimento sobre a distribuição espacial dos granitos e sua evolução. Este estudo visa preencher essas lacunas através de duas abordagens principais. A primeira envolve a modelagem gravimétrica direta 2,5D da porção centro-norte do Batólito Acari, para entender a geometria, profundidade e localização das raízes do corpo e discutir sua relação com o contexto geológico da Faixa Seridó. Para isso, foram modelados dez perfis com orientação E-W e espaçamento de 2 km usando as extensões do GM-SYS no Seequent Oasis Montaj®. A segunda abordagem analisa aspectos petrográficos e litoquímicos dos litotipos que compõem o GSD, incluindo um mapeamento geológico em escala 1:50.000 para identificar fácies magmáticas, relações de campo e estruturas. O GSD é composto principalmente por monzogranitos e sienogranitos equigranulares a microporfiríticos, diferenciados dos granitos porfiríticos típicos do Batólito Acari pelo menor tamanho dos cristais de K-feldspato. Diques tardios de granitos hololeucocráticos grossos a pegmatíticos completam a sequência. Os granitos apresentam uma trama magmática predominantemente NE-SW, alinhada com a orientação das rochas encaixantes e das zonas de cisalhamento transcorrentes que balizam o batólito. A deformação em estado sólido se reflete nas microtexturas dos granitos, que se transformam em muscovita gnaisses miloníticos ao longo da Zona de Cisalhamento Totoró. A modelagem gravimétrica revela duas raízes no segmento leste do Batólito Acari, alinhadas NE-SW. A raiz setentrional está entre as mineralizações da Mina Brejuí e o Stock Acauã, enquanto a raiz meridional está sob a área aflorante do batólito, a oeste do Açude Gargalheiras. Análises litoquímicas mostram que os granitos do GSD são peraluminosos e ferroanos, com assinaturas álcali-cálcicas a cálcio-alcalinas e se dispersam entre as séries cálcio-alcalina de alto K e shoshonítica no diagrama K2O vs SiO2. Discussões acerca da gênese e evolução do GSD serão aprofundadas com análises de elementos traços e terras-raras a serem integrados com a petrografia e modelagem gravimétrica.