ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA INTEGRADA DO ALBIANO AO CAMPANIANO DA BACIA
POTIGUAR: DA ESCALA SÍSMICA À DE RESERVATÓRIOS
Bacia Potiguar; Estratigrafia de Sequências; Estratigrafia de Sequências de Alta Resolução; Gerenciamento de Reservatórios
Uma análise estratigráfica integrando interpretações sísmicas, dados de poços e dados bioestratigráficos levou à definição de cinco sequências deposicionais de terceira ordem e seus respectivos tratos de sistemas entre o Albiano e o Campaniano da Bacia Potiguar. À medida que se tornam mais jovens, os tratos de sistemas de queda e de mar baixo das sequências deposicionais se tornam mais delgados ou não são interpretados, e os tratos transgressivos e de alto tornam-se mais espessos, o que reflete a tendência geral transgressiva da sequência de segunda ordem na qual eles estão inseridos. A Sequência Deposicional 1 compreende depósitos siliciclásticos e carbonáticos de idade albiana. O Trato de Sistemas do Estágio de Queda da Sequência 1 (TSEQ 1) está preservado no cânion submarino C1. O Trato de Sistemas de Mar Baixo da Sequência 1 (TSMB 1) é composto por depósitos fluviais restritos a vales ou não confinados amalgamados, além de depósitos deltaicos. Rochas carbonáticas marinhas (Formação Ponta do Mel) e seus equivalentes fluviais na porção onshore representam os Tratos de Sistemas Transgressivo 1 (TST 1) e de Mar Alto 1 (TSMA 1). A Sequência Deposicional 2 compreende depósitos de idade cenomaniana média a inferior. O cânion submarino C2 é preenchido com o TSEQ 2 e com o TSMB 2. Na porção onshore da bacia, o TSMB 2 é composto por sistemas fluviais entrelaçados. O TST 2 ocorre em onlap sobre a Superfície de Máxima Regressão (SRM 2) na porção marinha e é representado por depósitos fluviais meandrantes e com influência marinha nas porções onshore. O TSMA 2 ocorre em downlap sobre a Superfície de Inundação Máxima 2 (SIM 2) e tem uma ocorrência terrestre muito restrita. Os depósitos da Sequência Deposicional 3 estão compreendidos entre o Cenomaniano Superior o Turoniano. O TST 3 ocorre em onlap sobre a SRM 3 nas porções marinhas e é representada por sistemas fluviais e estuarinos na porção onshore. O TSMA 3 ocorre em downlap sobre a SIM 3 na porção marinha e é composto por depósitos carbonáticos e seus correlatos siliciclásticos onshore. As sequências deposicionais 4 e 5 estão completamente inseridas no contexto da plataforma carbonática da Formação Jandaíra, de idade Turoniana a Campaniana, onde apenas os tratos transgressivos e de mar alto foram interpretados. A Formação Açu, a principal formação produtora de hidrocarbonetos da Bacia Potiguar, está inserida nas sequências deposicionais 1, 2 e 3 e é fortemente afetada pelas variações laterais e verticais dos sistemas deposicionais pertencentes aos tratos do sistema. O arcabouço estratigráfico definido em escala sísmica serviu de ponto de partida para um detalhamento estratigráfico em escala de reservatórios. A partir da análise integrada de dados de rocha, perfis elétricos e de produção de um campo maduro de óleo pesado, parte da porção fluvial do TST 2 (inserida na Formação Açu) foi subdivido em 9 sequências deposicionais de quarta ordem. As discordâncias subaéreas que as limitam são interpretadas no topo de níveis de paleosolos que são correlacionados ao longo da área de estudo e que controlam o fluxo de fluidos nos reservatórios. As nove sequências deposicionais de alta frequência do TST 2 e o TSMB 2 passam a representar o zoneamento de reservatórios do intervalo estudado, em substituição às quatro zonas lito estratigráficas anteriores. O novo zoneamento permitiu uma caracterização mais detalhada dos reservatórios, o que resultou em uma melhor representação dos sistemas fluviais em modelos geológicos 3D e na correção de erros de mapeamento. O entendimento do fluxo de fluidos nos reservatórios levou ao fechamento de intervalos prejudiciais a produção bem como a identificação de intervalos com óleo remanescente ainda não produzido, responsáveis pelo aumento da vida útil de poços submetidos a injeção cíclica de vapor. Tais resultados reforçam a importância da estratigrafia de sequências de alta resolução como ferramenta na busca pelo incremento do fator de recuperação de campos maduros. A mesma metodologia foi utilizada no refinamento estratigráfico de parte da plataforma carbonática do TSMA 1 (inserida na Formação Ponta do Mel), onde foram interpretadas quatro sequências genéticas de quarta ordem. Embora este intervalo não seja portador de hidrocarbonetos, o refinamento estratigráfico proposto serve como analogia para o estudo e descrição de heterogeneidades estratigráficas em reservatórios carbonáticos marinhos. Os resultados encontrados podem ser replicados em outras áreas e intervalos estratigráficos da Bacia Potiguar e em outras bacias, podendo contribuir com a indústria do petróleo tanto em escala exploratória quanto de reservatórios.