EXPANSÃO URBANA DE CURRAIS NOVOS NO PERÍODO DE 1980 A 2022: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS EVENTOS GEOGRÁFICOS
Currais Novos; eventos geográficos; expansão urbana.
A cidade de Currais Novos teve sua formação ao longo do século XX, associada a três atividades econômicas: a pecuária, cotonicultura e mineração, essas atividades entraram em declínio a partir da década de 1980, entretanto a cidade manteve sua relevância, apresentando crescimento, sobretudo a partir da construção de conjuntos habitacionais e da instalação de infraestruturas. Atualmente, a expansão da cidade é orientada pela chegada de grandes empreendimentos imobiliários. Diante desse contexto, a questão central deste trabalho é: qual a contribuição dos eventos geográficos ocorridos após a crise das atividades tradicionais, a partir da década de 1980, para o processo de expansão urbana de Currais Novos, e quais as implicações socioespaciais desse processo? Para responder a essa pergunta, foram definidos os seguintes objetivos: investigar as contribuições das atividades tradicionais para o processo de formação da cidade de Currais Novos; analisar a contribuição dos eventos geográficos ocorridos a partir da década de 1980 para a expansão urbana de Currais Novos; e compreender as implicações socioespaciais relacionadas ao processo de expansão urbana de Currais Novos. O trabalho fundamenta-se teoria espacial do geógrafo Milton Santos, adotando seus conceitos e categorias como principais balizadores das discussões. Os procedimentos metodológicos baseiam-se na pesquisa bibliográfica, documental e empírica, além do levantamento de dados secundários e da produção cartográfica. Apoiado nesses procedimentos realizou-se uma análise de como a cidade, em crescimento, se apresenta diante de novos eventos, a exemplo da instalação de grandes empreendimentos imobiliários, e as principais implicações diante da expansão. O trabalho permitiu compreender a importância da atividade mineradora, como principal fator do processo de urbanização, ao atrair contingentes populacionais, instalar equipamentos urbanos e captar políticas públicas. Foram identificados dois momentos importantes para a expansão urbana: o primeiro, ocorrido na década de 1980, caracterizado pelas políticas públicas urbanas, com ênfase na construção de habitações, possuindo como agente principal o Estado, e o segundo, a partir da década de 2010, marcado pela retomada das políticas públicas habitacionais por meio de programas de financiamento, com o Estado e as firmas como os principais agentes. Além disso, observou-se que o processo de expansão urbana ocorre de forma descontínua, uma vez que o dinamismo das infraestruturas, dos serviços e do comércio não acompanha o mesmo dinamismo do crescimento das formas, resultando em espaços de densidade técnica e fluidez e espaços de viscosidade, reforçando as desigualdades socioespaciais. Como resultado, constatou-se a importância de cada atividade econômica – pecuária, cotonicultura e mineração – para esse processo e para a profusão dos meios geográficos, e a contribuição dos eventos geográficos, frutos das ações de diferentes agentes, para o processo de expansão urbana, através da instalação de equipamentos urbanos, infraestrutura e habitações.